Enquanto o SAPO On The Hop sobe o interminável caminho de acesso ao salódromo, já se ouve o pimba de Arrebimba o Malho. A Semana Académica de Lisboa é invadida pelas vozes das Doce e ficamos confusos se estamos num festival académico ou se num arraial da aldeia.

Pedro Cazanova

Não faz mal, a intenção é diversão e o que interessa é que o ritmo que sai das colunas dê para dançar. E deu. Mas não muito. A meio gás, o primeiro dia da Semana Académica de Lisboa 2015, na passada quarta-feira, deu para aquecer os músculos e preparar os três dias com cartaz mais forte. Contudo, foi uma noite de diversidade: Chapa Dux trouxe reggae alegre, Djodje os ritmos quentes do kizomba e Pedro Cazanova os sons da música eletrónica, a nova "pop" do momento. Um dia que agradaria a gregos e a troianos.

Di, Gongas, Pias, Tiago, Leo, Adri e Charlie fazem a energia de Chapa Dux que, durante todo o concerto, passou para o público. A banda deu um salto de 2008 para 2015, com um som mais poderoso e enérgico que deixa K.O. qualquer festivaleiro que se entregue ao momento. "Can't Stop Us" é o hino reggae que deixou todos a saltar e a pedir mais energia vinda da banda de Sintra.

E agora uma transição inesperada. Do reggae para o kizomba, trocamos os pulos pelos movimentos de anca e os Chapa Dux pela recente pequena estrela cadente Djodje. O músico de Cabo-Verde, já com algum reconhecimento em Portugal, chegou ao palco da SAL com os hits do álbum de 2013 "Feedback". As letras são, por vezes, ao longo do concerto, acompanhadas pelos fãs mais acérrimos que se encontram bem perto do palco. Ao lado de uma banda, Djodje não conquistou o público de forma total à falta de mais hits que cativassem os jovens estudantes.

A caminho das 2h da manhã, com a noite de quarta-feira de festa académica já perto do fim, o DJ português Pedro Cazanova avança para o palco. Com o primeiríssimo álbum de originais na calha, lançado no final do ano passado, Cazanova cumpriu mas cai no erro que todos os DJs continuam a fazer. Em vez de se focarem em novos sets, novas formas de fazer resultar os mash-ups e transições de canções - aliadas às suas próprias canções -, quase todos acabam por se cingir aos mesmos single do universo pop que surgem com uma roupagem que em nada surpreende. Mesmo para qualquer fã de música eletrónica é já cansativo ouvir a sets que primam pela repetição da fórmula. Uma fórmula que devia estar constantemente em mudança. O público responde muito melhor a surpresas e coisas inesperadas do que à monotonia de se copiarem todos uns aos outros. Valeu a pena, pelo menos, graças ao single "Loose Control" que deu para lavar os ouvidos. Hoje é que é para perder o controlo.

Fotografias: Luís Magalhães Perdigão