"Redesenhámos toda a temporada 2020/2021 para poder encaixar os projetos, incluindo os festivais que produzimos e acolhemos", disse à agência Lusa o diretor do TMP, Tiago Guedes, exemplificando, no que diz respeito a festivais, com o Dias Da Dança (DDD) que estava agendado para 18 de abril a 3 de maio, mas teve de ser cancelado devido à pandemia do novo coronavírus.

Uma nota dos responsáveis descreve que "dadas as circunstâncias" a organização "já contactou todos os artistas e todas as companhias" para a realização da 5.ª edição do DDD entre 15 de abril e 2 de maio de 2021.

Da programação proposta para este ano, sete dos espetáculos iriam decorrer no TMP: "Marry Me in Bassiani" do coletivo francês (La)Horde, "Augusto", de Alessandro Sciarroni, distinguido em 2019 com o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza, "Saison Sèche", da artista francesa Phia Ménard, "Geração 0.1", da coreógrafa e escritora Sónia Baptista, "Hark!", da dupla Luísa Saraiva e Senem Gökçe Ogultekin, "Princess", da bailarina filipina Eisa Jocson, e "North Korea Dance", que marcará o regresso ao Porto da coreógrafa sul-coreana Eun-Me Ahn.

Soma-se o reagendamento de estreias de vários espetáculos nacionais, como "Estro/Watts - Poesia da Idade do Rock", do Teatro Experimental do Porto em colaboração com o músico Paulo Furtado, que agora será exibido a 7 e 8 de novembro, ou "Noite de Primavera", do Teatro Nova Europa, reagendado para 21 a 24 de janeiro de 2021, como parte integrante do 89.º aniversário do teatro Rivoli que, a par do Teatro do Campo Alegre, forma o TMP.

Já "Lágrimas de Crocodilo", dos Jovens Artistas Associados do TMP, Guilherme de Sousa e Pedro Azevedo, será exibido em dezembro, no âmbito do programa Foco Famílias.

Tiago Guedes referiu que os "reagendamentos não vão fazer com que a próxima temporada seja mais pesada", ainda que seja uma "temporada atípica" com "mais alguns espetáculos face ao que teria", contando que o TMP procurou "fazer um corte e cose grande".

"Não estivemos à espera que saíssem leis governamentais, como agora e bem existem, começámos a fazer um trabalho muito próximo com as companhias para tentar perceber quando é que estes projetos poderiam ser reagendados. Mantemos a totalidade dos compromissos com os artistas e com o público", garantiu Tiago Guedes.

O diretor do TMP recordou que "muito público tinha comprado bilhetes para espetáculos que já estavam anunciados e foram cancelados", garantindo que essas situações estão "salvaguardadas".

Quanto ao trabalho feito com artistas nacionais e internacionais esse foi "caso a caso", contou, acrescentando que "serão assumidos custos a mais", nomeadamente com ensaios extra.

"A lei prevê, e bem, um pagamento de custos complementares e o TMP não é alheio a isso e assumirá, como não podia deixar de ser, ainda por cima numa situação como esta", frisou.

Relativamente aos espetáculos internacionais, foram atribuídas novas datas às estreias em Portugal de "Canzone per Ornella" e "Postcards from Vietnam" (14 e 16 de janeiro de 2021, Teatro Rivoli) e de "For four walls", "RainForest" e "Sounddance" (11 e 12 de junho de 2021).

Anne Teresa de Keersmaeker, coreógrafa e fundadora da companhia belga Rosas, também regressará ao Rivoli nos dias 12 e 13 de março, bem como o marionetista francês Renaud Herbin que apresentará "L'écho des creux (Eco oco)" em data a anunciar.

A peça do suíço Martin Zimmermann "Eins Zwei Drei" é a única exceção, transitando para a temporada 2021/2022, refere nota do TMP.

"Ready", da companhia Erva Daninha (18 e 19 setembro de 2020), e "Pour le meilleur et pour le pire", do Cirque Aital (30 de junho de 2021), inicialmente programados no âmbito do Festival de Circo do Porto Trengo, bem como "Boas Memórias", de Patrícia Portela (dezembro de 2020), e "Passos em Volta", da companhia João Garcia Miguel (em data a anunciar em março de 2021), são outros espetáculos com apresentações na próxima temporada do TMP.

No que respeito à música, Capicua apresentará "Madrepérola" no dia 24 de outubro, enquanto Pedro Tudela e Miguel Carvalhais farão um concerto no dia 29 desse mesmo mês.

O congresso KISMIF, que estava agendada para julho, foi adiada para o próximo ano e os ciclos mensais da programação do TMP, a par das atividades paralelas aos espetáculos manter-se-ão na programação regular a partir do mês de setembro.

"Não podíamos estar à espera para desenhar uma temporada. Tivemos de a desenhar acreditando que poderemos reabrir a meio de setembro, mas não faremos nada contra as instruções da Direção-Geral da Saúde. Isto quer dizer, também, que o TMP está e estará disponível para as adaptações necessárias para as pessoas possam voltar aos teatros", referiu Tiago Guedes.

À Lusa, o diretor comentou, ainda, que "Portugal está a ser visto como um bom exemplo, um exemplo de boas práticas e boas medidas", sublinhando que "o TMP posiciona-se do lado da maior segurança possível para os artistas e para o público".