O clima do Paradise Garage, em Lisboa, parecia calmo na passada quarta-feira, com todos os fãs da banda britânica a aguardar pacientemente pela sua entrada, escolhendo a bela t-shirt como peça de eleição, parecendo que o calor duvidoso de março nos queria asfixiar mesmo em plena noite.
Já lá dentro, o público espalhava-se pelo recinto, pedindo bebidas e matando o tempo com conversas sobre o tempo que aguardou por este momento - que finalmente parecia estar a chegar.
Contudo, primeiro foi tempo de ouvirmos os The Zanibar Aliens, uma banda portuguesa de rock'n'roll alternativo que, apesar de um começo tímido em palco, com pouca interação com os espectadores e um certo desconforto, rapidamente se soltou e demonstrou a sua qualidade com faixas como "Baby I Can't Let You Go", do seu novo álbum, "Bela Vista".
Mesmo após o aquecimento dos ânimos com a apresentação da banda portuguesa, o público queria mais, porque o público queria os You Me At Six, e assim aconteceu. Após uns meros 15 minutos, eis que os britânicos surgiram em palco, gerando uma explosão de felicidade nos seus fãs que, juntamente com a banda, encheram os pulmões para "Night People", a faixa que dá nome ao novo álbum dos You Me At Six e à respetiva digressão europeia, a arrancar na mesma noite, com Portugal a servir de anfitrião.
E se os fãs estavam em delírio, o orgulho de Josh Franceschi, líder e vocalista, era patente no largo sorriso que ostentava enquanto o público acompanhava cada uma das faixas apresentadas com uma força tremenda e uma energia inesgotável com "Underdog" e "Loverboy". À chegada de "Stay With Me", o cantor já estava mais do que rendido ao carinho português e partilhava o microfone com a plateia que, uma vez mais, não desiludiu.
Embora a banda estivesse visivelmente agradada com o decorrer do concerto, bem como o público presente, a felicidade era apenas patente nos seus rostos, ficando o público a aguardar pelas primeiras palavras enquanto o grupo apresentava "The Swarn" e "Spell It Out", a única balada da noite, até à chegada de "Bit My Tongue", onde Josh felicitou a plateia com um "obrigado, Lisboa" - assim, mesmo, em bom português.
"Boa noite senhoras e senhores! Nós somos os You Me at Six, do Reino Unido, e esperámos tempo a mais desde a última vez que vos vimos", confessava o vocalista antes de nos presentear com "Swear" e "Fresh Start Fever".
E quando pensávamos que a postura dos britânicos seria algo tímida no que diz respeito a discursos à plateia, Josh mostrou-nos o contrário ao iniciar um desenrolar de pequenoas confidências ao público português que, claramente, estava a conquistar-lhe o coração. "O que é que eu posso dizer? Não faço ideia do porquê de termos demorado tanto para voltar aqui. Não acredito que este é o nosso primeiro concerto em Portugal! É tão bom ver tantas pessoas apaixonadas pela nossa música", começava por agradecer, passando depois a apresentar a próxima faixa, "Heavy Soul".
E após mais umas palavras trocadas e elogios para o público português, surgiu a faixa "No One Does It Better", com dedicatória especial para os presentes na sala.
Antes de passarmos ao encore, houve ainda tempo para mais um discurso, mas desta vez sobre uma vertente mais atual, onde se afirmava a necessidade de aceitação da família, amigos e completos estranhos da mesma forma. Uma mensagem de união, como se tem tornado recorrente em eventos públicos, dadas as circunstâncias atuais do mundo em que vivemos, à qual se juntou a faixa "Take On The World".
Após o encore, a banda britânica voltou a atingir o palco do Paradise Garage, celebrando o seu regresso com mais uma sessão de paleio. "Hoje é o Dia Internacional da Mulher, e atrás de cada homem, está uma mulher ainda melhor. Isto demora a admitir, mas é verdade. E peço desculpa pelo esquecimento, mas o começo deste concerto deveria ter sido a dar os parabéns aos campeões da Europa. Só para que saibam, o meu pai é francês e eu fiquei fulo, mas ao mesmo tempo... Quero lá saber!", confessava o vocalista enquanto o público celebrava por Portugal como se estivéssemos novamente no momento de entrega da taça, a 10 de julho do ano passado.
Encerrando o concerto com "Lived a Lie", "Give" e, finalmente, com "Room to Breathe", a banda despedia-se do público português com sorrisos rasgados e um brilho no olhar que era fácil de distinguir, mesmo à distância.
No culminar de um grande concerto, no qual não temos defeitos a apontar, o último apontamento que temos a fazer resume-se ao destaque para mais um (e o último) discurso de Josh para o público português, os grandes da noite: "Gostava que houvesse pessoas como vocês em todo o mundo! (...) Se alguma vez me tivessem dito onde eu deveria começar a nossa digressão, eu nunca imaginaria que Portugal seria o nosso concerto mais louco de sempre! Obrigado".
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