Normalmente não nos interessamos por reality shows aqui, na tvPRIME. São formatos que, na sua grande maioria, exploram as fraquezas e debilidades do ser humano, sem que daí advenham grandes vantagens para os participantes.

Mas de vez em quando surgem modelos, mais ou menos próximos de um concurso, em que o formato é mais interessante do que habitual, procurando combater vícios e pecados gerais (e mais ou menos originais).

Este sábado tivemos na RTP a estreia de «A Voz de Portugal». Não sendo um modelo originalmente português, encerra em si quatro grandes virtudes:

1 – A produção teve o cuidado de escolher vozes para o casting, indo directamente convidar alguns talentos mais escondidos, como aqueles que vão surgindo por exemplo no YouTube. Assim, condicionou a qualidade dos participantes, convidando talentos que poderiam, por uma ou outra razão, acabar por nem se inscrever. E os talentos estão lá desde o primeiro programa, entre as vozes Deborah Gonçalves (ex-Anjos),Filipa Baptista (antiga presença em musicais de Filipe La Féria) e Vasco Duarte (recrutado via email, a partir do YouTube), há talento para ser trabalhado!

2 – Aqueles que são eleitos, depois de uma pré-selecção, vão trabalhar com grandes nomes da música portuguesa. E não é só trabalhar, é competir. Cada um dos «Mentores»irá treinar o seu grupo para uma vitória final, que também será sua. Mas nesta dinâmica, os próprios concorrentes terão a oportunidade de escolher com quem querem trabalhar, numa inversão inesperada massaudável de posições. As escolhas, essas são surpreendentes. Seria de esperar que os talentos e experiência de Paulo Gonzo e Rui Reininho dominassem as escolhas, mas a garra e irreverência dos Anjos (Sérgio e Nelson Rosado) e de Mia Rose acabam por demonstrar que não é bem assim, existindo também por eles, um grande respeito e admiração profissional.

3 – Depois há a questão da continuidade. O vencedor vai ter direito a gravar um disco com a Universal, o que faz subir o sobrolho de qualquer artista em começo de carreira e de muitos que vão a meio da sua.

4 – Por fim, talvez a parte mais importante! A selecção é feita com os «Mentores» virados de costas. Eles escolhem sem ver o artista. Sem verem a idade, o peso, a beleza, a roupa… apenas a voz conta. Finalmente, diríamos nós!

O modelo do programa é simples. Depois de uma fase de casting a que a RTP chamou Prova Cega, onde os «Mentores» escolhem vozes (e são escolhidos), teremos o trabalho de todos em direção à vitória final. O primeiro programa já foi para o ar, apresentado com muito entusiasmo e sensibilidade por Catarina Furtado.

Na sua versão original, «The Voice» tem a apresentação deCarson Dalye os «Mentores» sãoBlake Shelton,Adam Levine,Cee-LoeChristina Aguilera(que é quase sempre escolhida pelos concorrentes).

(Re)veja AQUI o primeiro episódio do programa da RTP.