“Dados da GFK / CAEM indicam que, no domingo, dia 15 de março, em média, cerca de um terço dos portugueses (31,6%) tenham estado em frente à sua televisão”, refere o relatório sobre o impacto do novo coronavírus e da crise pandémica no sistema mediático português e global, divulgado pelo Observatório da Comunicação (OberCom).

De acordo com aquela entidade, “as audiências são de tal ordem que esse terá sido o melhor dia para a televisão desde março de 2012”.

Nos dias seguintes, verificou-se, segundo o documento, um crescimento de cerca de 30% das audiências nos canais de cabo, “com os canais dedicados a informação, em particular, a crescer de forma exponencial” e a TVI 24 a registar uma subida de cerca de 90%.

Depois de consultar mais de 60 fontes para a produção do relatório, o OberCom concluiu, ainda, que “é provável que a paisagem mediática sofra alterações significativas”, devido à atual crise causada pela pandemia.

Entre os principais aspetos da mudança destaca-se a “aceleração exponencial das mudanças estruturais a ocorrer no setor dos media”, com as audiências de televisão a concentrarem-se na informação, enquanto que o entretenimento, “género-âncora fundamental para as marcas portuguesas”, ficou parado em termos de produção.

“As marcas de imprensa tenderão a arrepender-se de não ter implementado modelos de negócio digital mais cedo, à medida que o investimento publicitário cai e que a circulação impressa paga reage de acordo com o confinamento dos poucos leitores da imprensa escrita”, refere o documento.

Já o jornalismo, enfraquecido pela crise de 2008, deverá enfrentar uma crise laboral e existencial, com a perda de profissionais, “num contexto em que a desinformação é de francamente mais fácil (e barata) disseminação”, prevê o observatório.

No entanto, o consumo online de notícias poderá crescer no mesmo sentido do comportamento registado para a televisão.

Pelo contrário, o segmento dos jornais locais parece estar a ser “fortemente afetado” pelo impacto do coronavírus, podendo acentuar o isolamento dos habitantes destas regiões, por norma mais envelhecidas, “que têm nestas publicações a principal fonte confiável de notícias durante a crise, especialmente aquelas referentes às suas regiões”.

O OberCom sublinha que será a Internet a continuar a ditar as tendências de consumo de produtos de media, “num momento em que as palavras-chave são recolhimento e receio pelo futuro”.

A indústria da publicidade deverá também sofrer um forte impacto, com a pandemia a ter um efeito disruptivo neste setor: a “máquina” da publicidade global está a desacelerar em alguns setores, como por exemplo outdoors, mas a crescer “rapidamente” noutros como a televisão, embora também com alterações.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação a terça-feira (+9,5%).

Dos infetados, 1042 estão internados, 240 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março, tendo a Assembleia da República aprovado hoje o seu prolongamento até ao final do dia 17 de abril.

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