Provavelmente nunca ouviu falar do infame divórcio e do caso de escândalo sexual de 1963 do casal Ian Campbell e Margaret Campbell, os Duques de Argyll. A história que abalou a Inglaterra no início da década de 1960 é agora contada na minissérie "A Very British Scandal", que se estreou no final de 2021 na HBO Portugal.

Com três episódios, a série centra-se em Margaret Campbell, conhecida publicamente por "dirty duchess". O papel da protagonista pertence a Claire Foy, atriz britânica que já foi a Rainha Isabel II em "The Crown", da Netflix.

Em conversa com os jornalistas, a atriz conta que não conhecia a história antes de ser convidada para o projeto. "Ainda não tinha ouvido falar do caso. Não sabia nada sobre o Ian Campbell, nem sobre ela [Margaret Campbell], nem sobre nada do que se passou na época. Por isso, quando li o guião pela primeira vez, foi realmente interessante. Li o que a Sarah Phelps tinha escrito e entrei no drama, queria descobrir o que se passou, o que é um bom sinal", revela a atriz.

"Fiquei surpreendida com a forma como ela foi tratada pelos meios de comunicação social e também pelo tipo de sistema judicial que existia no Reino Unido", confessa Claire Foy.

Ao logo de três episódios, a série "A Very British Scandal" analisa as consequências públicas do relacionamento e que levaram a um dos "casos legais mais notórios, extraordinários e brutais do século XX". "Famosa pelo seu carisma, beleza e estilo, Margaret dominou as capas como mulher divorciada que enfrentou acusações de falsificação, roubo, violência, uso de drogas, gravações secretas e suborno. Uma fotografia Polaroid explícita tornou-se o elemento-chave no divórcio escandaloso que se desenrolou sob o olhar atento dos media dos anos 1960", resume a produção da série.

Para Claire Foy, "Margaret era uma mulher muito complicada". "Era realmente complexa. Acho que há algumas coisas sobre ela que admiro, mesmo. E outras coisas que são muito questionáveis. Ela era famosa, era conhecida em Inglaterra e nos Estados Unidos, mas não era uma rapariga de festas porque não bebia nem fumava. Mas era muito conhecida por adorar a cena das festas. Ela saía todas as noites", recorda a atriz britânica.

"Era adorada e admirada em todos os sítios onde ia. Mas tinha também um lado bastante infantil, no sentido em que era mimada. Tinha muito mimo e isso significava que fazia escolhas para a sua vida que a prejudicavam e que prejudicavam as pessoas à sua volta", explica. "Ela era muito complicada e privilegiada, mas também tinha uma certa dose de gentileza. Ela era muito forte e eu aprecio isso no seu carácter", acrescenta a atriz.

A very british scandal

Para Claire Foy, "A Very British Scandal" pretende que os espectadores parem e pensem sobre a realidade."Se o público vê isto como misoginia no patriarcado, então, acho que permite olhar para trás e traçar algumas semelhanças com a situação atual e ver o quanto ou pouco mudou. Acho que poderia ser útil. Acho que ninguém tem a ilusão, ou não deveria ter, de que as mulheres não foram tratadas desta forma e de formas muito piores (...) Acho que a série não se foca necessariamente nisso, mas reflete essa questão. Acho que era o objetivo", explica.

Na conversa com os jornalistas, a atriz britânica destacou a popularidade dos dramas históricos, tal como "A Very British Scandal" ou "The Crown". "Não sei se isso se deve ao facto de as pessoas apreciarem um certo distanciamento que se proporciona no drama, que significa que se está longe da realidade e da situação ou do clima em que se está naquele momento", reflete Claire Foy.

"Não me sinto particularmente atraída por produções de época. Não é algo em que me concentre ou que me atraia particularmente. Interesso-me, sim, pelas personagens, pelos realizadores com quem trabalho, pelos argumentistas que escrevem os guiões e pelos outros atores com quem estou nas séries, nos filmes ou no teatro. Portanto, é basicamente por isso que sou atraída", frisa.

a very british scandal

Para Claire Foy, há um interesse particular dos espectadores por escândalos, especialmente devido "à família real e à forma como o sistema de classes funciona". "São fofocas e isso é culturalmente muito importante em Inglaterra. Quer se trate de alguém que vive ao lado, quer se seja sobre alguém que atravessa a rua ou sobre alguma personalidade... todos adoramos uma boa fofoca", defende.

"Acho que também não aprendemos se não olharmos para o passado, se não o examinarmos, se não tentarmos descobrir os erros ou se não tentarmos revelar a verdade sobre certas histórias e situações. Acho que até se podia fazer mais, poderíamos fazer com um olhar realmente honesto sobre os acontecimentos históricos do meu país", remata.

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