SAPO Mag - Na série “The Walking Dead”, até agora, a sua personagem é a única que ainda não foi ameaçada pela "Lucille". No futuro, Morgan vai pertencer à “Lista Negra” de Negan?

Lennie James -  Não sei. Abri o guião e procurei pelo momento em que o Morgan e o Negan se encontram porque vai haver um ponto onde isso vai mesmo acontecer e um deles não vai sair vivo dessa situação. Contudo, não sei como é que isso vai acontecer. Nós acabámos de gravar o final da temporada e há uma altura onde… mas os fãs vão ter de esperar para ver!

Morgan e a Carol são personagens opostas. Enquanto ela é movida pela raiva, a sua personagem tenta instalar a paz. Acha que a série está, de alguma forma, a tentar fazer-nos ver quão mal o mundo está? Os EUA agora até têm Donald Trump como presidente...

Não tenho a certeza se a nossa série está a fazer alguma referência direta, mas a série existe no mundo e, como todo o tipo de arte, não acontece no vazio. Estamos a refletir o mundo onde nos inserimos, quer gostemos, quer não. A série provém de material sólido, da banda desenhada, o que faz com que estejamos de uma forma a relatar o que acontece na BD ao mesmo tempo que, como disse, estamos a refletir um mundo onde existem vários Negans.

Portanto, acho que a posição de Morgan e Carol é a tentar encontrar algum equilíbrio, um meio termo, do que está acontecer no mundo real.

A personagem de Melissa utiliza armas, mas a sua usa apenas usa uma vara. Consegue controlar alguém mas também pode matar. Podemos dizer que a “arma” da personagem é o equilíbrio de que a série precisava?

Uma das coisas que gosto no Morgan é quando ele reaparece na série depois de me terem dito que ele voltaria com a vara até porque há diferentes tipos de armas para cada personagem - a Python do Rick, a espada de samurai da Michonne, o coldre do Glenn . O pau mostra de forma simbólica a posição que o Morgan assume no mundo. Por um lado é algo que te pode ajudar a andar, por outro lado é algo que te pode agredir até à morte e és tu quem faz a escolha final.

O Morgan não diz que não vai matar. Ele apenas diz que acredita que todas as vidas são valiosas e que prefere não matar. Contudo, se se meterem com ele, ele pode e irá fazê-lo.

E ele acredita mesmo nisso?

Ele está tentar. Ele tem um trabalho mais complicado do que o Eastman, porque é fácil dizer que todas vidas são preciosas e que não vai matar ninguém quando se está fechado algures no mato numa cabana com uma cabra. Ele está cá fora, no mundo real é mais complicado.

Se pudesse escolher uma personagem do universo da Comic para interpretar, qual é que escolheria?

Blade sem dúvida! Ele é a personagem mais espetacular que foi criada até então. Ele não tem fraquezas, é fantástico. Adoro-o!

Então, acha que o Morgan é uma personagem fraca?

Não acho que ele seja fraco, não tem é super-poderes, mas o Blade é o Blade. E sim, seria um papel que gostava de interpretar.

Fez também trabalho de voz para o jogo “Destiny”. Como é que foi a experiência? Prefere estar atrás das câmaras ou é mais interessante aparecer?

“Destiny” é o primeiro jogo que faço, não sou de todo um jogador, e apenas vi o jogo uma vez. Foi uma experiência estranha porque estava num jantar e os miúdos estavam na sala ao lado a jogar quando a minha esposa se virou para mim e disse: “A tua voz vem da sala, o que é isto?”. Entrei na sala e disse: “Esse gajo parece-se comigo”, e todos os miúdos entraram em êxtase total.

Por isso, a minha verdadeira experiência no “Destiny”, e juro por tudo que é a mais sincera, é: A cada cinco/seis meses recebo uma chamada de alguém que me diz “precisas gravar mais falas” e lá vou eu, fechar-me numa sala - muitas vezes só com um engenheiro de som -, esteja em que parte do mundo esteja e fico lá durante umas quatro ou cinco horas a gravar. Não vejo nada, apenas vou recebendo algumas indicações como “ele agora está mais irritado aqui”, “aqui está mais entusiasmado”, “agora ele está a tentar motivar” e eu vou dando mais ênfase às falas. Não faço a mínima ideia do que estou a querer dizer, apenas sigo as instruções que me são dadas.

Acha mais difícil este tipo de trabalho?

Não, pelo contrário. Para mim é bastante divertido até porque estou literalmente a gritar para o céu sem fazer a mínima ideia de quem está a ouvir ou do que farão com aquilo.

Durante a conferência de imprensa disse que gostava de entrar num musical. Sabe cantar?

Consigo manter-me afinado. Costumava cantar em bandas de soul e reggae e gosto de cantar. Por acaso até canto regularmente. Não estou a dizer que sou um ótimo cantor mas consigo bem manter-me afinado.

Contudo, é algo desafiante, é algo que nunca fiz mas que espero vir fazer. Esperava ter feito mais quando comecei a minha carreira, naquela altura que não sabia bem o que iria fazer, pensei que iria cantar mais.

Com qual papel gostava de terminar a sua carreira?

Não sei, não tenho mesmo ideia nenhuma porque até pode ter sido algum papel que ainda não tenha sido escrito. Se fosse um que já existisse, acho que gostava de interpretar King Lear, se chegar até lá.

Não sei se haverá ainda mais papéis, mas nunca vou interpretar Hamlet - mesmo quando tinha a idade certa para o fazer. Ele é um sacana f*****, mas algumas pessoas até o são. Já fiz de MacBeth, Walter Lee mas acredito que existem outros papéis que nunca me passaram pela cabeça. Mas sim, King Lear seria a marcante sem dúvida, mas não sei se haveria um papel que definiria a minha carreira.

Foto: Bruno Ferreira

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