O Netflix compete nas principais categorias, especialmente a de melhor drama com "House of Cards", uma série que mostra a vida política de Washington, e de melhor comédia com "Orange is The New Black", sobre uma presidiária.

A plataforma digital soube aproveitar a popularidade conquistada no ano passado, quando se tornou o primeiro serviço online a concorrer aos Emmys, abrindo-se para novos mercados na Europa e na América Latina até superar 50 milhões de clientes.

"O seu poder vem, basicamente, da sua base de assinantes, que pagam cerca de 10 dólares por mês" por esse serviço online, disse à AFP o professor de Media de Entretenimento Digital John Taplin, da Universidade do Sul da Califórnia (USC).
"É uma quantia gigante de dinheiro" que a empresa "pode gastar em programação, comprar novos conteúdos e fazer novos conteúdos", disse o especialista.

A companhia foi criada em 2007, na Califórnia. No segundo trimestre de 2014, registou um lucro líquido 71 milhões de dólares, mais do que o dobro dos 29,5 milhões obtidos no mesmo período do ano passado.

Além das suas séries originais, o Netflix oferece dezenas de programas e filmes, graças a acordos com os estúdios mais importantes dos Estados Unidos.

Concorrência aumenta

O sucesso do Netflix também é resultado do seu formato, que se encaixa nos novos hábitos de consumo, com um público mais jovem que procura mais flexibilidade e maior acesso aos seus programas preferidos de novos dispositivos, como tablets e smartphones.

Nesse sentido, a plataforma digital apostou em lançar em bloco as temporadas completas de "House of Cards" e "Orange is the New Black", uma estratégia que rendeu muitos adeptos à empresa.

A gigante do e-commerce Amazon também oferece aos assinantes do serviço Prime séries originais como "Alpha House", sobre senadores republicanos, ou "Betas", sobre criadores de aplicativos à procura de investidores.

"O início da Amazon [nesta área] foi muito problemático", comentou o professor Taplin. "Eles reconsideraram a sua estratégia, contratando alguém que trabalhou na televisão antes", explicou.

Agora, a Amazon trabalha em seis novos projetos originais - um deles protagonizado pelo ator mexicano Gael García Bernal - e conta com um orçamento de pelo menos 100 milhões de dólares.

Talvez o Hulu seja o concorrente mais sólido do Netflix até ao momento. Ambas as empresas têm uma estratégia muito parecida, baseada na assinatura mensal e numa poderosa campanha publicitária. A sua série original sobre adolescentes de origem latina "East Los High" abriu-lhe as portas do mercado hispânico nos Estados Unidos.

Já a Microsoft quer transmitir os seus próprios programas pela consola Xbox One. Um deles, o "Halo", será produzido por Steven Spielberg. "Os jogos foram parte do nosso DNA nos últimos 15 anos, pelo menos, e criar conteúdo de televisão era o próximo passo lógico na nossa evolução", declarou, há alguns meses, o vice-presidente-executivo da Xbox Entertainment Studios, Jordan Levin.

O Yahoo!, que está apenas a começar o negócio, quer produzir quatro séries próprias, embora o seu formato seja mais parecido com o do YouTube, com conteúdo mais curto. "Não acredito que se se tornar um rival, mas o que definitivamente acontecerá é que, em cinco anos, vão diminuir os canais de entretenimento por TV a cabo, dando espaço para uma televisão que funcione segundo a procura do público", completou o professor da USC.

@AFP