'Se um dia alguém, perguntar por ele', poderemos dizer que foi o responsável pela primeira vitória de Portugal na Eurovisão. Ao fim de 48 participações, Portugal venceu o festival e tudo graças aos irmãos Sobral - Luísa, a compositora do tema, e Salvador, o interprete de "Amar Pelos Dois" que conquistou a Europa.

Portugal foi o país mais votado  por parte dos jurados de cada país em concurso, com 382 pontos. Em segundo lugar ficou a Bulgária, 278 com pontos, seguida da Suécia (218). Somando os pontos dos jurados e do público, Portugal conquistou mais 758 pontos.

A Bulgária ficou em segundo lugar com 615 pontos, seguida da Moldávia com 374 pontos.

salvador

Em Kiev, a arena aplaudiu Salvador que, tal como aconteceu na final nacional, chamou Luísa Sobral para cantar "Amar pelos Dois".

"Vivemos num mundo de música descartável, música fast food, sem qualquer conteúdo e isto pode ser uma vitória para a música, das pessoas que fazem música que significa qualquer coisa. Música não é fogo de artificio, música é sentimento. Vamos tentar mudar isso. Vamos trazer a música de volta ao que realmente importa", disse Salvador Sobral ao subir ao palco para receber o prémio.

"É uma boa vitória para a música. É um bom passo as pessoas terem gostado desta música", frisou em entrevista à RTP1. "O Caetano Veloso fez um vídeo a dizer que queria que eu ganhasse a Eurovisão... vale mais que esta coisa (o troféu)", brincou o jovem de 27 anos, acrescentando que vai tentar vender o troféu na internet.

Em conversa com José Carlos Malato, Salvador admitiu ainda que não vai voltar a participar no festival.

Em palco, acompanho por Luísa Sobral, os dois cantores voltaram a cantar "Amar pelos Dois". No meio da atuação, Salvador gracejou dizendo que estava tudo "comprado".

O grupo de jurados de Portugal atribuiu 12 pontos ao Azerbaijão. Os pontos do júri nacional foram revelados por Filomena Cautela, em direto do Terreiro do Paço, em Lisboa.

Salvador Sobral foi 11º primeiro artista a atuar na final da Eurovisão - antes de se ouvir "Amar pelos Dois" no Centro Internacional de Exibições,  a Polónia, Bielorrússia, Áustria, Arménia, Holanda, Moldávia, Hungria, Itália e a Dinamarca subiram ao palco.

Veja um excerto da atuação de Salvador Sobral:

Suécia, San Marino, Letónia, Israel, Espanha, França, Arménia, Islândia, Sérvia, Georgia, Hungria, Reino Unido, Polónia e República Checa foram os países que deram 12 pontos a Portugal.

Veja aqui excerto de todas as atuações.

Os finalistas da Eurovisão foram os 20 países selecionados em duas semifinais (Primeira semifinal: Portugal, Moldávia, Azerbeijão, Grécia, Suécia, Polónia, Arménia, Austrália, Chipre, Bélgica; Segunda semifinal: Bulgária, Bielorrússia, Croácia, Hungria, Dinamarca, Israel, Roménia, Noruega, Holanda e Áustria), os "Cinco Grandes" (França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido) e o país anfitrião, a Ucrânia.

Este ano realizou-se 62.ª edição do concurso, no qual Portugal participou a primeira vez em 1964, tendo entretanto falhado cinco edições (em 1970, 2000, 2002, 2013 e 2016).

A simplicidade de "Amar pelos Dois"

Com a canção “Amar pelos Dois”, Portugal regressou à Eurovisão, onde se estreou em 1964, após um ano de ausência. A melhor classificação portuguesa no concurso era até hoje um sexto lugar em 1996, com a canção “O meu coração não tem cor”, interpretada por Lúcia Moniz. A última vez que Portugal competiu numa final do Festival Eurovisão da Canção foi em 2010.

Em entrevista à RTP3, Salvador Sobral revelou que Luísa Sobral, a sua irmã e compositora de "Amar Pelos Dois", escreveu duas canções para o Festival da Canção. "Mandou-me duas canções. Mandou-me esta e mandou-me outra e disse-me: esta remete mais às canções dos anos 1960 do Festival da Canção. E eu gostei sempre mais desta. E o meu pai disse 'esta é que é'. Não é tão festivaleira, mas esta é mais bonita", contou, sublinhando que o tema não o compromete. "Podia estar num disco meu ou dela. É uma coisa bonita, simples, genuína e espontânea. Tem tudo de bom esta canção", defende o músico de 27 anos.

"Amar pelos Dois"  na imprensa internacional

De acordo com um estudo da Cision, em apenas três dias – 9, 10 e 11 de maio – o cantor de "Amar pelos dois" foi citado em 1.641 notícias em todo o mundo, contabilizando apenas os meios online e excluindo os artigos publicados em Portugal.

Segundo o estudo, foi na Alemanha que o cantor português conquistou mais atenções: no total, foi referenciado em 382 notícias, quase o dobro da Espanha, o segundo país onde Salvador foi mais falado. "Apesar de a maior parte das menções nos sites germânicos ter sido uma genérica alusão à sua passagem à final, houve alguns meios que aprofundaram a sua análise, descrevendo 'Amar pelos dois' como 'uma íntima balada, cheia de sentimento', que se tornou ainda 'mais melancólica e sensual' na voz do português", explica a Cision.

A canção composta por Luísa Sobral  despertou a atenção do jornal El País. "De repente, acontece um milagre no mundo estereotipado da música televisiva", pode ler-se no início do artigo do diário espanhol, publicado a 16 de abril. O jornal espanhol frisa ainda que o" mundo previsível da música pop" precisa de mais artistas como Salvador Sobral.

O jornal The Sun também dedicou um artigo ao cantor português. "Parece que o talento corre na família de Salvador uma vez que a sua irmã, Luísa Sobral, também competiu na seleção nacional [do programa 'Ídolos'] tendo ficado em terceiro lugar na primeira semifinal", frisa a publicação, acrescentando que Portugal é um dos principais candidatos à vitória da Eurovisão.

Para o The Telegraph, o tema português era um dos melhores em competição. "Há uma história interessante para a entrada bastante madura e sofisticada de Portugal este ano. Portugal, não vamos esquecer, nunca ganhou a competição, mas este ano eles são verdadeiros concorrentes", começa por frisar a jornalista Charlotte Runcie, do The Telegraph.

Na crónica sobre a primeira semifinal da Eurovisão, a jornalista defende que Portugal seria uma justo vencedor, apesar de fazer "batota". "Mandar uma canção artística e muito bem-feita à Eurovisão é, do ponto de vista técnico, fazer batota", graceja.

A história de Portugal na Eurovisão

Este ano realizou-se a 62.ª edição do concurso, no qual Portugal participou a primeira vez em 1964, tendo entretanto falhado cinco edições (em 1970, 2000, 2002, 2013 e 2016). Até este ano, das 48 canções portuguesas que concorreram ao Festival da Eurovisão, nove ficaram nos dez primeiros lugares, tendo um sexto lugar, em 1996, sido a melhor classificação de sempre.

A melhor classificação portuguesa num Festival da Eurovisão foi obtida por Lúcia Moniz, em 1996, com a música “O meu coração não tem cor”, tendo esta sido também a última vez que Portugal ocupou um lugar no top 10.

A primeira vez foi em 1971, com a música “Menina do Alto da Serra”, interpretada por Tonicha, a conseguir alcançar um 9.º lugar. Nos dois anos seguintes, Portugal manteve-se nos 10 primeiros lugares com “A Festa da Vida” (7.º lugar), interpretada por Carlos Mendes, e “Tourada” (10.º), cantada por Fernando Tordo.

Ainda na década de 1970, Portugal conseguiu um 9.º lugar com “Sobe, Sobe, Balão Sobe”, interpretada por Manuela Bravo, em 1979. Um ano depois, já nos anos 1980, José Cid conseguia alcançar o 7.º lugar do pódio, com “Um Grande, Grande Amor”.

Na década de 1990, além do 6.º lugar de Lúcia Moniz, Portugal ocupou três vezes lugares no top ten: em 1991, com Dulce Pontes e “Lusitana Paixão” (8.º lugar), em 1993, com Anabela e “A Cidade (até ser dia)” (10.º), e, em 1994, com Sara Tavares e “Chamar a Música” (8.º).

Entre as piores classificações portuguesas de sempre no Festival Eurovisão da Canção estão três últimos lugares: António Calvário com “Oração”, que obteve zero pontos, em 1964, Paulo de Carvalho com “E Depois do Adeus”, com três pontos, em 1974, e Célia Lawson com “Antes do Adeus”, com zero pontos, em 1997.

Há vários anos que Portugal não conquistava a oportunidade de competir na final do concurso. A última, foi em 2010 com “Há Dias Assim”, cantada por Filipa Azevedo.

Ao longo dos anos, as músicas que representaram Portugal foram em larga maioria cantadas em português, com exceção de três anos: 2005, 2006 e 2007. Em 2005, Portugal concorreu pela primeira vez com uma música cantada parcialmente em inglês. Em “Coisas de Nada (gonna make you dance)”, interpretada pela ‘girlsband’ Nonstop, o refrão era em inglês.

No ano seguinte os 2B (Rui Drummond e Luciana Abreu) levaram ao festival “Amar”, uma música cantada maioritariamente em inglês. Já a música que representou Portugal no concurso em 2007, “Amar”, de Sabrina, tinha uma letra maioritariamente em português, mas com algumas frases em francês, espanhol e inglês.

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