"Estamos a analisar o processo", afirmou Sérgio Figueiredo, quando questionado sobre o tema, adiantando que aguarda o regulamento e o caderno de encargos.

"Evidentemente, tendo a TVI um canal especializado em informação [TVI 24] e estando esse tipo de canais em aberto para um concurso, seremos candidatos naturais a olhar para isso", acrescentou.

Relativamente a um canal desportivo, Sérgio Figueiredo afastou o cenário, considerando que o mercado tem bastante concorrência e apontado que o lançamento de um canal por parte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) distorce o mercado.

"Temos uma componente de informação de desporto muito importante dentro da TVI 24 que não abdicamos, mas temos que nos adaptar às circunstâncias, porque tem sido precisamente aí que tem aumentado a concorrêcnia e a oferta no cabo", a qual "vai continuar pelos vistos" porque a FPF "também decidiu tornar-se um operador de televisão em Portugal", apontou o diretor de informação.

Questionado sobre há mercado na área da informação desportiva para todos, Sérgio Figueiredo foi perentório: "Há mercado para os que sobreviverem".

No caso da FPF, "estamos a falar de um canal que não depende deste mercado e que, de certa forma, vicia as regras do jogo, porque nós vivemos daquilo que produzimos, não temos jogadores de futebol, equipas de futebol que geram receitas para nos financiar", apontou.

Sobre se a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) deveria ter alguma intervenção nesta área, afirmou: "Não tenho a pretensão de ser regulador, já dá muito trabalho ser regulado".

Questionado sobre se a TVI foi afetada pela não concretização da compra da Media Capital pela Altice, Sérgio Figueiredo garantiu que não, nem mesmo durante o período de impasse, de praticamente um ano.

"Ninguém pode sofrer de ressaca de uma bebida que não tomou, estamos concentrados na operação [da televisão], essa é uma questão de acionistas que não interferiu minimamente no dia a dia", sublinhou, salientando que, quanto às recentes notícias que dão conta de novos interessados na dona da estação, Sérgio Figueiredo afirmou: "Não vamos morrer de véspera".

Isto porque "a história de uma possível compra da TVI não nasceu com a Altice, não foi isso que desviou a TVI da liderança e do seu trabalho", defendeu.

Sobre a guerra das audiências, Sérgio Figueiredo partilha a posição do diretor-geral de antena e de programas do canal, Bruno Santos, de que a TVI vai continuar a liderar.

"Acho que não há no mundo lideranças eternas, tal como não deve haver no mundo lideranças consecutivas de 150 meses sempre a ganhar", no entanto, "uma coisa eu garanto, esta empresa perde um mês, mas não tem ADN para perder muitos meses consecutivos", garantiu.

A resignação, disse, não é característica da TVI. Arrojada, agitadora de águas, inovadora e inconformista, é assim que os dois diretores descrevem o canal de Queluz.

"Esta empresa não é de baixar os braços", os novos momentos "são muito desafiantes" e a TVI não está, nem quer estar, preparada "para a ideia do segundo lugar", salientou.

Acerca das queixas que têm sido enviadas à ERC sobre programas de informação da TVI, nomeadamente o "Ana Leal", Sérgio Figueiredo considerou que tal acontece pelo "agitar de águas" e pelas questões que o mesmo coloca, tal como o "Alexandra Borges", ambos de investigação jornalística.

"O jornalismo sossegadinho e o jornalismo que não questiona, nem faz o seu trabalho, esse é garantido que não sofre pressões nem queixas em lado nenhum, é evidente que, quando cumprimos com o nosso papel, que passa por questionar, denunciar as coisas que estão mal na sociedade", surgem queixas, considerou.

"É normal que as pessoas se questionem e incomodem, o fundamental para a sociedade portuguesa é perceber, já agora, que não fazemos isto com uma agenda por trás", salientou o responsável.

"A direção de informação não tem uma agenda e, se a tem, é o país", apontou.

"É dar a voz das pessoas de Pedrógão", que não só o presidente da Câmara, acrescentou, salientando que neste caso, em que as três televisões generalistas se juntaram para mobilizar os portugueses para ajudar as vítimas dos incêndios, é preciso "seguir o rasto do dinheiro".

"Há circunstâncias que, no mínimo, têm de ser esclarecidas, e temos obrigação de as questionar e de as colocar na discussão política. Não temos a pretensão de nos substituir, nem aos tribunais, nem ao poder legislativo, nem a quem tem a capacidade de tornar o processo consequente".

No entanto, "o jornalismo tem de fazer o seu trabalho", disse, apontando, por exemplo, o caso da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), em que "têm sido levantadas uma série de questões mal explicadas" e também "muito deficientemente investigadas".

E esse "inconformismo" perante questões mal explicadas faz com que a TVI aposte na investigação, até encontrar as respostas.

Sobre a decisão do Tribunal Central Administrativo Sul que considerou "improcedente" o recurso da ERC contra a decisão de que o regulador dos media tinha de obrigar a TVI a transmitir direitos de resposta da IURD, o diretor de informação disse que a estação é "uma plateia muito interessada" no tema, mas não está no seu domínio.

"Isso é um diálogo entre a entidade reguladora e os tribunais", afirmou.

Em ano de três eleições - uma delas regional -, Sérgio Figueiredo aponta que a TVI tem "um leque de opiniões rico", o que é um ativo importante, já que vai ser um período "rico em política".

"Partimos para isso com uma opinião sólida e um painel forte, mas também temos tido essa capacidade de criar formas e abordagens diferentes de colocar os políticos e candidatos em confronto com as suas promessas", disse.

As televisões, acrescentou Sérgio Figueiredo, "têm um grande papel na função de intermediação entre eleitores e sistema partidário".

Sem divulgar detalhes, Sérgio Figueiredo adiantou que a TVI vai ter "novos formatos" que serão revelados em breve e um deles é no desporto, vai ser uma pedrada no charco".

Ainda no espaço informativo, a TVI está concentrada agora no "Jornal da Uma", onde "vão surgir bastantes novidades", acrescentou.

Questionado sobre se televisão linear continua viva, comentou que "as notícias sobre a morte das televisões generalistas foram um pouco precipitadas", e o reflexo está "neste novo despertar do nosso concorrente principal", o que revela que as pessoas estão a ver as televisões generalistas.