Com 734 milhões de dólares a nível mundial, "007: Sem Tempo Para Morrer" tornou-se no último fim de semana o maior sucesso de bilheteira de Hollywood este ano, ultrapassando os 721 milhões de "Velocidade Furiosa 9".
Na "era da pandemia", a despedida de Daniel Craig como James Bond não só está à frente dos filmes da Marvel, como também é o terceiro maior sucesso nos cinemas a nível mundial, apenas atrás de dois filmes chineses. São as melhores receitas de Hollywood desde os lançamentos em dezembro de 2019 de "Star Wars: Episódio IX - A Ascensão de Skywalker" e "Jumanji: O Nível Seguinte".
Apesar dos responsáveis do estúdio MGM celebraram publicamente o feito histórico e mostrarem-se "muito entusiasmados por ver o público a regressar aos cinemas em todo o mundo", a publicação Variety apresenta um balanço diferente: um prejuízo de 100 milhões de dólares nas bilheteiras.
Foram 250 milhões de orçamento para fazer o filme, nunca menos de 100 milhões para o promover e ainda dezenas de milhões de prejuízo pelos sucessivos adiamentos da estreia nos cinemas ao longo de 16 meses por causa da pandemia: entre as receitas que ficam para os cinemas e distribuidoras e bónus contratuais, estima-se que o filme precisava de chegar aos 900 milhões para pagar todas as despesas e compensações antes de começar a dar lucro.
Em comunicado à Variety, a MGM rejeitou esta matemática baseada em "fontes não mencionadas e desinformadas" e garante que o investimento não só já está pago, como o filme já é rentável: além de destacar que excedeu "em muito" as estimativas do estúdio para esta época e o feito histórico nas bilheteiras, revelou o "excelente negócio" que já representa o lançamento em versão premium do "Video On Demand" enquanto ainda está nos cinemas.
A Variety destaca que esta posição é contestada por fontes que sabem quanto custou "007: Sem Tempo Para Morrer" e têm um "conhecimento profundo" do que um filme desta dimensão precisa ganhar para começar a dar lucro, mas o potencial prejuízo acima de tudo revela a "dura realidade" que enfrentam as produções de grande orçamento de Hollywood: conseguir ter lucro nos cinemas será muito improvável durante uma pandemia.
Filmes como "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis", "Eternals", "O Esquadrão Suicida" e "Tenet" vão dar aos estúdios prejuízos de dezenas de milhões de dólares, ainda que o maior desastre da era COVID seja o épico histórico "O Último Duelo", com Matt Damon, Adam Driver e Ben Affleck, que custou mais de 100 milhões de dóalres e só arrecadou uns "irrisórios" 27,4 em todo o mundo.
Ao mesmo tempo, títulos potencialmente candidatos aos Óscares como "Spencer", "King Richard" e "Belfast", estão a ter dificuldades para sobreviver por causa da atual relutância dos vários segmentos de espectadores em voltar aos cinemas.
Com a exceção de alguns filmes de terror feitos com pouco orçamento, como "Halloween Mata", a Variety garante que "quase nenhum filme está a ter lucro neste momento" e ainda há muito para recuperar do impacto da pandemia, apesar do recorde de receitas em outubro com "007", "Dune" ou "Venom: Tempo de Carnificina".
Nesta situação, os estúdios têm poucas alternativas: podem lançar filmes que custaram entre 100 e 200 milhões de dólares, sabendo que é irrealista que venham a dar lucro nos cinemas, ou continuam a adiar e adiar, acumulando prejuízos e arriscando "um colapso total da indústria", encontrando as salas de cinema praticamente dizimadas quando finalmente a pandemia chegasse ao fim.
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