Falta de abertura para o tema e reduzida aposta do mercado são algumas das explicações avançadas à agência Lusa por
Pedro Marum, da organização do festival
Queer Lisboa, que hoje apresentou a sua programação completa.

A 15ª edição do festival de cinema LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros), que começa no dia 16 e decorre até 24, integra 84 filmes, dos quais apenas cinco são portugueses. Os Estados Unidos são o país mais representado, com 20 filmes.

Em Portugal «não se produz muito nesta área, ao contrário da América do Sul, por exemplo», que este ano tem «uma representação muito forte» no festival, assinalou Pedro Marum, garantindo, por outro lado, que o Queer «faz questão de ter programação nacional».

A maioria dos filmes nacionais selecionados é de estudantes ou de realizadores/produtores com uma carreira na área, explica Pedro Marum, realçando que o desafio para o festival é «arranjar público». Isto quando «os custos são muitos e as ajudas são poucas», refere.

O número de espetadores do festival «tem aumentado ligeiramente», tendo rondado as oito mil pessoas na última edição, informou.

«As pessoas já começam a aceitar o Queer não apenas como um festival gay e lésbico, mas como um festival de cinema (…), o que se reflete no aumento de público e no tipo de público que frequenta o festival», analisa.

O tema central da edição deste ano, que regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, é a transgressão.

O filme de abertura será
«Uivo – Howl», de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, um retrato do escritor Allen Ginsberg, que foi uma das mais importantes vozes da comunidade gay dos EUA, com estreia comercial em Portugal marcada para dia 22.

O filme de encerramento será
«Taxi zum Klo», de Frank Ripploh, «uma obra transgressora», resume a organização.

Na secção competitiva de longa metragem – júri composto pelos atores
Albano Jerónimo e
Beatriz Batarda e por Sam Ashby, designer e editor da revista londrina «Little Joe» – concorrem, entre outros,
«Ausente – Absent», de Marco Berger, vencedor do Teddy Award na última edição da Berlinale.

Na competição de documentário – júri com o realizador
Miguel Gonçalves Mendes (
«José e Pilar»), Claudia Mauti (diretora do Festival de Cinema Mix Milano) e Franck Finance-Madureira (diretor da Queer Palm do festival de Cannes) – serão exibidos, por exemplo,
«Becoming Chaz», de Fenton Bailey e Randy Barbato, documentário que acompanha o processo de transição de Chastity Bono – filha de Sonny Bono e Cher – de mulher para homem;
«gODDESSES (we believe we were born perfect)», de Sylvie Cachin, sobre a luta das mulheres sul-africanas contra a violência de género; e
«We were here», de David Weissman, sobre o impacto da sida em São Francisco, que será acompanhado por um debate com médicos portugueses.

O festival atribui ainda um prémio para melhor curta metragem, atribuído pelo público. Nesta secção concorrem, por exemplo,
«Spring», do britânico Hong Khaou, que estará no festival, e
«Vibratum Vitae», do português Pedro Barão.

À parte a competição, há outras propostas, entre as quais a Queer Art, com curadoria de
João Ferreira e
Ricke Merighi, que pretende «oferecer uma leitura de como o queer rompeu cânones e abriu novas trajetórias no cinema, na literatura, na fotografia e nas artes plásticas», resume a organização.

A intersexualidade terá também uma secção própria, com curadoria de Ricke Merighi, e a secção Queer Pop, a cargo do jornalista
Nuno Galopim, propõe três programas de telediscos, entre os quais um dedicado a Kylie Minogue e outro a David Bowie.

O Queer apresentará ainda um espetáculo de teatro físico.
«Silenciados», do grupo madrileno Sudhum e encenado por Gustavo Del Río Prieto, conta a história de cinco pessoas assassinadas por discriminação em relação à sua orientação sexual (dias 17 e 18, às 21h).

@Lusa

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