Barry Diller, antigo presidente de vários estúdios de Hollywood, sugeriu que os executivos de topo e as grandes estrelas aceitem um corte de 25% nos seus salários e mostrou-se muito preocupado com "efeitos devastadores" de uma greve prolongada de atores e argumentistas.
"Não existe confiança", disse Barry Diller, empresário e o respeitado presidente dos estúdios Paramount Pictures e 20th Century Fox no período entre 1984 e 1992, no programa Face the Nation no domingo, citado pela The Hollywood Reporter.
"Temos o sindicato dos atores a dizer 'Como se atrevem estas dez pessoas que gerem estes estúdios a ganhar todo este dinheiro e não nos pagarem?'. Ao mesmo tempo, se olharmos para isso do outro lado, os dez atores de topo ganham mais do que os 10 executivos de topo. Não estou a dizer que nenhum dos lados está certo. Na verdade, provavelmente todos estão a ganhar demais no topo", notou.
E propôs: "A única ideia que tive é dizer, como uma medida de boa fé, tanto os executivos como os atores mais bem pagos deveriam aceitar um corte de 25% no salário para tentar reduzir a diferença entre aqueles que recebem muito bem e aqueles que não recebem".
Na sexta-feira, 14 de julho, o sindicato que representa 160 mil atores de Hollywood (SAG-AFTRA) juntou-se ao dos argumentistas, parados desde 2 de maio, na reivindicação de aumentos salariais, um reajuste nos pagamentos que recebem pelas reexibições das suas produções (chamados "residuais") na era do streaming e a definição de regras sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) na indústria, entre outros pontos.
Uma "greve dupla" não acontecia em Hollywood desde 1960 e está a paralisar todas as produções de cinema e televisão dos EUA, o que poderá levar a longos atrasos e, no caso dos filmes, adiamento das grandes produções.
Além de excluir qualquer trabalho de representação à frente ou atrás das câmaras (desde cantar, dançar, trabalho de duplos, regravar diálogos, fazer narrações e testes de guarda-roupa ou caracterização, entre outros), os atores também não participarão nos eventos promocionais dos seus filmes, das entrevistas às passadeiras vermelhas e redes sociais, ou participar em convenções, festivais ou cerimónias de prémios.
Diller avisou que haverá "efeitos devastadores" para a indústria se não se chegar a um acordo com os dois sindicatos até 1 de setembro: "O que vai acontecer é que, se de facto não for resolvido até ao Natal, então, no ano que vem, não haverá muitos programas para as pessoas verem. Portanto, iremos ver as subscrições a serem canceladas, o que vai reduzir as receitas de todas estas empresas de cinema e televisão, e a consequência disso é que não haverá programas. E quando a greve terminar e se quiserem levantar, não haverá dinheiro suficiente. Logo, isto realmente terá efeitos devastadores se não for resolvido em breve".
E acrescentou: "A verdade é que [Hollywood] é uma grande indústria tanto no mercado interno como para a exportação mundial… potencialmente, estas condições produzirão um colapso absoluto de toda uma indústria".
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