Hiromi Rollin, apresentada como a companheira de Alain Delon, escreveu ao procurador de Montargis para contestar as acusações feitas pelos filhos do ator e apresentar a sua versão dos factos, numa nota revelada esta terça-feira pelo Le Parisien e que a France Presse teve acesso.
Neste documento de 39 páginas, Hiromi Rollin refuta o termo "assistente pessoal" apresentado por Anthony, Anouchka e Alain-Fabien Delon. Ela garante que conheceu Alain Delon em 1989 durante a rodagem de um filme em que foi "assistente de realização" e que "rapidamente estabeleceram uma relação íntima".
"A partir de 2006, a senhora Rollin mudou-se para a casa de Douchy [a propriedade do ator no centro da França]. Eles passaram a viver juntos e partilharam uma vida de casal até que ela foi expulsa desta casa a 5 de julho de 2023", explica a carta assinada pelo seu advogado, o mediático Yassine Bouzrou.
Hiromi Rollin "não era de forma alguma assistente pessoal do senhor Delon. Ela era (...) a sua companheira desde o início dos anos 2000" e "não era paga para estar com o senhor Delon", continua a carta.
Ao contrário do que foi alegado e senhora Hiromi Rollin, o ator "parece não ter apresentado queixa" contra ela e que as queixas foram iniciadas, segundo a imprensa, pelos seus filhos.
“No entanto", sublinha o documento, "não parece que o senhor Delon se encontre até à data sob qualquer medida de proteção judicial que justifique que os seus filhos apresentem queixa para denunciar infrações de que ele próprio seria vítima”.
A carta também aponta que Hiromi Rollin "sempre teve relações complexas com os filhos do senhor Delon", que "nunca aceitaram a existência do [seu] relacionamento amoroso".
O advogado questiona as motivações dos filhos do ator.
“É de se temer que os filhos de Delon queiram garantir que a herança do pai lhes regresse integralmente e que nenhuma liberalidade interfira em benefício daquela que partilha a sua vida quotidiana, a senhora Rollin”, escreve na carta.
Após a sua saída forçada da propriedade Douchy (em Loiret), de acordo com o seu advogado, Hiromi Rollin afirma ter conseguido recuperar apenas parte dos seus pertences pessoais através das autoridades. Entre eles não estão, sustenta, objetos de valor, dinheiro e correspondência com o ator.
A Justiça abriu na semana passada uma investigação preliminar contra Hiromi Rollin, em especial por atos de assédio moral, após duas denúncias dos três filhos da estrela de cinema francesa.
"Desde o acidente cardiovascular do senhor Alain Delon em 2019", esta mulher "que se instalou na sua casa tem-se tornado cada vez mais agressiva, difamando e insultando ele e os seus filhos", destacou o advogado dos filhos em comunicado na semana passada, acrescentando que "continua a isolar Alain Delon dos seus entes queridos, dos seus amigos e da sua família através de manobras e ameaças. Ela monitoriza sistematicamente as suas conversas telefónicas e mensagens privadas. Ela atende no seu lugar, fazendo-se passar por ele, e tenta intercetar a sua correspondência".
"Ela impede que os seus filhos o visitem regularmente, como sempre fizeram. Mostra-se autoritária, ameaçadora e também maltrata o cão do senhor Delon, de uma maneira inaceitável", continuava o advogado.
Segundo um dos filhos, Anthony, a situação tomou "tal proporção" nos últimos dois anos que o próprio pai pediu por escrito que a companheira deixasse a sua residência em Douchy.
Em resposta, a própria visada apresentou uma queixa na sexta-feira, contestando todos os factos pelos quais é acusada.
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