Considerado um dos grandes inovadores e experimentadores da linguagem cinematográfica, o francês
Chris Marker era um dos realizadores mais elogiados pela crítica mas simultaneamente mais desconhecidos do grande público, até por se recusar a dar entrevistas e a fazer aparições públicas. Membro da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial, um dos primeiros colaboradores da mítica revista «Cahiers du Cinema», Marker integrou a geração da «Nouvelle Vague» mas no designado grupo «Rive Gauche», com cineastas como
Alain Resnais e
Agnès Varda, mais ligados a um estilo de vida boémio e mais influenciados pelas artes plásticas que pelo cinema propriamente dito.

A carreira cinematográfica de Marker arrancou em 1952 com
«Olympia 52», um documentário sobre os Jogos Olímpicos de Helsínquia, colaborando no ano seguinte com Resnais no filme «Les Statues Meurent Aussi». Seguiram-se várias décadas de um trabalho intenso e incansável, sempre na vanguarda de um experimentalismo consequente e criativo que nunca deixou de surpreender.

O seu filme mais conhecido é, ainda hoje,
«La Jetée», de 1962, uma obra sobre viagens no tempo apresentada através de imagens fixas em sequência, que seria alvo em 1995 de um «remake» por
Terry Gilliam,
«12 Macacos», e inspiraria diretamente a estreia de
Mamoru Oshii no cinema de imagem real, «The Red Spectales», em 1987.

Porém, num imenso manancial de obras prestigiadas, a mais emblemática talvez seja
«Sans Soleil», de 1983, que estica até aos limites possíveis as fronteiras do documentário e lançou o fascínio de Marker pela tecnologia digital, que o acompanharia até ao fim.