As estreias do filme de terror "Sorri" e da comédia romântica "Bros - Uma História de Amor" tiveram sortes muito diferentes nas salas de cinema norte-americanas no último fim de semana.

Inicialmente produzido para streaming e com um orçamento de apenas 17 milhões de dólares antes das despesas de marketing, "Sorri" ultrapassou as expectativas e arrecadou 22 milhões.

Também já nos cinemas portuguesas, esta é a melhor estreia nas salas de um filme desde "Bullet Train" com Brad Pitt no início de agosto e será, à sua dimensão, um dos títulos mais rentáveis para um estúdio de Hollywood em 2022.

"Sorri"

Pelo contrário e apesar das críticas positivas e das boas reações do público, assim como uma forte campanha de marketing, a estreia de "Bros - Uma História de Amor" ficou pelos 4,8 milhões, quando as (baixas) expectativas do estúdio apontavam para os 8 a 10 milhões. Apesar da sua exibição em mais de três mil salas, ficou apenas em quarto lugar nas bilheteiras.

Produzido por Judd Apatow e com estreia portuguesa anunciada apenas para 24 de novembro, “Bros” é uma comédia romântica centrada em dois homens promovida como a primeira produção de um grande estúdio de Hollywood em que os atores do elenco principal são da comunidade LGBTQ+.

Mas nos EUA, o principal impacto nas bilheteiras ficou-se pelas cidades mais liberais: Nova Iorque, Los Angeles e São Francisco, seguido de Chicago.

Billy Eichner, um dos atores principal e argumentista, reagiu ainda no domingo à tarde nas redes sociais aos resultados desastrosos, culpando o público heterossexual e a homofobia.

Revelando ter estado numa sala de cinema com lotação esgotada e as boas reações ao filme dos críticos e espectadores, mas também que o estúdio teve de convencer uma cadeia de cinemas a não retirar o trailer por causa do "conteúdo gay", escreveu que "infelizmente, este é o mundo em que vivemos".

"As pessoas heterossexuais, principalmente em certas zonas do país, simplesmente não apareceram para ver 'Bros'. E isso é dececionante, mas é o que é", continuou.

E deixou um apelo: "Todos os que não são uns esquisitos homofóbicos deviam ir ver 'Bros' esta noite. Irão divertir-se imenso. E é especial e excecionalmente importante ver esta história específica no grande ecrã, principalmente para as pessoas 'queer' que não têm essa oportunidade com frequência. Adoro tanto este filme".

"Bros - Uma História de Amor" conta a história de Bobby, um podcaster de sucesso que mora em Nova Iorque e diz ser feliz solteiro, mesmo vendo todos os seus amigos a formar casais. A sua vida muda quando conhece um advogado que, como ele, tem fobia de compromisso.

Com elenco de atores LGBTQ, o filme apresenta várias cenas de sexo, incluindo uma com quatro homens em sexo em grupo, e foi lançado com a classificação etária "restrita".

Durante o seu lançamento mundial no Festival de Cinema de Toronto, em setembro, Eichner disse à France-Presse que a demora para um grande estúdio de Hollywood lançar um filme como este era era "absurda e exasperante".

"Deveria haver imensos filmes destes por esta altura. Mas, ainda assim, estou muito grato que a Universal finalmente decidiu que era a altura", afirmou.

Por sua parte, o realizador Nicholas Stoller esperava que o filme pudesse destacar-se nas bilheteiras para mostrar aos estúdios que "há um grande público para este tipo de história, e não apenas um público LGBTQIA+, mas também um público heterossexual".

Esse desejo agora parece incerto, apesar do analista de bilheteira David A. Groos, da consultoria Franchise Entertainment Research, enfatizar que os números do fim de semana de estreia representam "uma estreia adequada para os padrões de uma comédia".

O género, antes muito popular, tem estado "sob pressão durante muitos anos", afirmou.

"Não há regras para filmes que retratem histórias gays porque existiram muito poucas. As poucas que vieram antes apresentavam no geral tramas divertidas", disse.

(*) Notícia atualizada com detalhes sobre o filme "Bros", declarações do Festival de Toronto e de analista das bilheteiras.

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