O festival de cinema independente IndieLisboa anunciou hoje a programação completa da 21.ª edição, nomeadamente a competição nacional, com a escolha de oito longas-metragens e 18 curtas portuguesas - um recorde -, e revelou também que a abertura será com o documentário “I’m not everything I want do be”, de Klára Tasovská, sobre a artista checa Libuse Jarcovjáková.
O filme, exibido este ano no festival de Berlim, é um retrato da artista checa, atualmente com 72 anos, a partir dos seus diários e de um intenso arquivo fotográfico, e é também um fresco sobre os anos 1970 e 1980 em Praga, Tóquio e Berlim, onde viveu.
O IndieLisboa, que termina a 2 de junho, escolheu “Dream Scenario”, de Kristoffer Borgli, para filme de encerramento, propondo uma comédia negra protagonizada por Nicholas Cage, no papel de um professor de biologia que começa a surgir nos sonhos de outras pessoas.
Sobre a programação, agora completa, a competição nacional – que é a “secção central do festival” – “celebra um número recorde de títulos a concurso, uma ambição desmedida pelo formato mais longo, com um conjunto de cineastas particularmente vibrante e um gesto de questionamento permanente da história e do país”.
Entre as oito longas a concurso figuram, em estreia mundial, “Banzo”, de Margarida Cardoso, “O ouro e o mundo”, de Ico Costa, e “O melhor dos mundos”, de Rita Nunes.
Em “Banzo”, Margarida Cardoso propõe novo momento de reflexão sobre colonialismo e África, através de uma ficção sobre “um médico de uma plantação numa ilha tropical africana que, em 1907, terá de curar um grupo de serviçais ‘infectados’ pelo Banzo, a nostalgia dos escravos”.
“O ouro e o mundo”, de Ico Costa, também remete para África, com a narrativa focada “num jovem casal de uma pequena cidade de Moçambique”. “Para escapar à precariedade, Domingos embarca então numa viagem por Moçambique, com destino às minas de ouro no norte do país”, refere a sinopse desta ficção, produzida entre Portugal e França.
Igualmente em estreia mundial apresenta-se "O melhor dos mundos", de Rita Nunes, protagonizado por Sara Barros Leitão e Miguel Nunes, num drama passado em 2027 com um casal de cientistas e um possível sismo em Lisboa.
Segundo o festival, entre as longas-metragens escolhidas estão ainda filmes que já passaram pelo circuito internacional de festivais: “Mãos no Fogo”, de Margarida Gil, “Estamos no ar”, de Diogo Costa Amarante, “Manga d’Terra”, de Basil da Cunha, o documentário “Contos sobre o esquecimento”, de Dulce Fernandes, e “Greice”, do realizador brasileiro Leonardo Mourameteus.
Do lote de 18 curtas selecionadas fazem parte “Shrooms”, de Jorge Jácome, “Slimane”, de Carlos Pereira, “Noturno para uma floresta”, de Catarina Vasconcelos, ou “Quando a terra foge”, de Frederico Lobo, que também estará presente em Cannes.
Haverá espaço ainda para uma nova secção, intitulada “Rizoma” e que “é o lugar do encontro e da celebração dos filmes em conjunto com o grande público do festival”.
Nessa secção vão passar, por exemplo, “Desconhecidos - All of us Strangers”, o muito elogiado e premiado filme de Andrew Haigh, com Andrew Scott e Paul Mescal, e o documentário “No other land”, filme coletivo feito por ativistas israelitas e palestinianos.
O IndieLisboa, que se repartirá entre os cinemas São Jorge, Ideal, Fernando Lopes, a Culturgest e a Cinemateca Portuguesa, disponibiliza toda a programação na página oficial, sendo os bilhetes colocados à venda na quinta-feira.
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