Na noite da passada quinta-feira, minutos antes do discurso em que Mitt Romney aceitaria a nomeação republicana como candidato à presidência dos EUA, em Tampa,
Clint Eastwood subiu ao palco e começou a conversar com uma cadeira vazia, simulando que nela estava sentado o presidente norte-americano, Barack Obama.

"O que é que Clint Eastwood acaba de fazer? Como permitiram que isso acontecesse?", escreveu a atriz
Mia Farrow, na sua conta no Twitter.

Na passada sexta-feira, o cineasta
Michael Moore, conhecido pelo seu estilo ácido, escreveu no jornal The Daily Beast: "Clint Eastwood foi capaz de levar a dezenas de milhões de espetadores a principal mensagem da convenção republicana deste ano: 'Somos delirantes e estamos fora da realidade'".

"Obrigado, Clint, você fez o nosso dia", concluiu o realizador, autor de
"Bowling for Columbine" e
"Fahrenheit 9/11".

Zachary Quinto, a estrela de
"Star Trek", escreveu também no Twitter: "Supõe-se que Clint vai dar confiança aos republicanos? Estou assustado por o ver conversar com um Obama imaginário".

Eastwood, vencedor de quatro Óscares, improvisou no espetáculo em que acusava Obama de ter falhado na recuperação da economia.

"Acho que é altura de alguém resolver o problema (...) Você pode afastar-se para que Romney assuma. Talvez até possa ir de avião", disse o ator de
"O Bom, o Mau e o Vilão" e realizador de
"Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos".

Pouco depois, a cadeira tinha uma conta no Twitter (@InvisibleObama, que nesta sexta já tinha mais de 50.000 seguidores), e surgiria o verbo "Eastwooding", que se refere ao ato de conversar com uma cadeira vazia.

O próprio presidente reagiu com humor, quando deixou na sua conta do Twitter a legenda "Esta cadeira está ocupada", acrescentando uma foto do seu assento presidencial.

O representante de Eastwood, Leonard Hirshan, evitou fazer comentários à AFP sobre o tema, enquanto que o sindicato de atores americanos (SAG) se afastava da polémica. "Por política (do sindicato), não apoiamos ou contribuímos com partidos políticos nem candidatos e não comentaremos este assunto", escreveu à AFP a porta-voz do SAG, Pamela Greenwalt.

A participação de Eastwood no grande evento dos republicanos foi antecedida de muita expectativa pelas especulações sobre a identidade de um "convidado misterioso". Mas em vez de apresentar um equivalente ao que representa George Clooney para o Partido Democrata, o ato de Eastwood foi considerado vergonhoso.

"Acho que a equipa de Romney estava tão horrorizada como toda a gente", contou o jornalista especialista em espetáculos da CNN, o britânico Piers Morgan, à revista The Hollywood Reporter. "Tudo ficou cada vez mais surreal. O final não só foi vergonhoso, como também péssimo para Mitt Romney, porque está claro que isso vai tirar muito protagonismo ao seu discurso", acrescentou Morgan.

A esposa do candidato, Ann Romney, comentou à CBS: "É um homem único e fez uma coisa única".

Com um tom mais sério, o célebre crítico de cinema Roger Ebert respondeu com a sua mordacidade habitual: "Clint, meu herói, estás a ficar triste e patético. Não tinhas necessidade nenhuma de fazer isto contigo mesmo. Isto não é algo à tua altura".