À medida que o dia se aproxima, aumenta a ansiedade em Hollywood sobre se "CODA - No Ritmo do Coração", "O Poder do Cão" ou "Belfast" ganharão o Óscar de Melhor Filme este domingo e se os espectadores assistirão à cerimónia pela televisão.

O 'western' "O Poder do Cão é considerado o favorito, aproximando a Netflix do tão esperado prémio, mas a disputa pela estatueta na categoria teve algumas reviravoltas nas últimas semanas.

"CODA - No Ritmo do Coração", um drama inspirador sobre uma família surda, ganhou mais popularidade, e alguns críticos da indústria veem "Belfast", a recordação da infância a preto e branco de Kenneth Branagh como um sério concorrente.

O Poder do Cão

"É uma corrida entre dois ou três cavalos", disse Clayton Davis, editor da revista Variety, enfatizando o progresso de "CODA - No Ritmo do Coração".

"Tivemos dois anos difíceis. E 'CODA - No Ritmo do Coração' é positivo. Faz uma pessoa sentir-se ben. Acho que os votantes da Academia estão nessa onda", completou.

"É uma disputa apertada", concordou o colunista da revista The Hollywood Reporter Scott Feinberg.

CODA - No Ritmo do Coração

Embora "O Poder do Cão", de Jane Campion, seja amado por muitos, "é um pouco mais divisivo" e "nem toda a gente gosta", o que é uma desvantagem.

"CODA - No Ritmo do Coração", um drama independente, beneficia do facto de ser percebido, inicialmente, como o candidato mais fraco, embora tenha sido comprado e lançado pela gigante Apple, disse um votante da Academia.

"Alguns membros da Academia com os quais conversei ainda estão relutantes em votar numa produção da Netflix para Melhor Filme. Mas a Apple também é um serviço de streaming... um toque de ironia", acrescentou, pedindo para não ser identificado.

Apostas seguras nos atores

King Richard

Num ano em que os grandes sucessos de bilheteira finalmente abriram os cinemas, e os adversários na guerra do "streaming" expandiram as suas ofertas, as categorias de representação são disputadas por alguns dos maiores nomes da indústria.

Will Smith é o grande favorito ao prémio de Melhor Ator pelo seu papel como o pai de Venus e Serena Williams em "King Richard: Para Além do Jogo".

A estrela de "CODA" Troy Kotsur, que é surdo, ganhou os prémios de Ator Secundário nesta temporada de prémios, derretendo corações como um pai que quer apoiar as aspirações musicais da sua filha, mas depende dela para comunicar com o mundo exterior.

A corrida para Melhor Atriz está muito mais apertada. Sott Feinberg considerou que "qualquer uma" das candidatas pode ganhar, mas disse que a interpretação de Jessica Chastain como uma televangelista que existiu na vida real em "Os Olhos de Tammy Faye" é a "mais provável".

Clayton Davis concordou, embora tenha dito que há "muito amor por Penélope Cruz", que pode surpreender com o drama "Mães Paralelas", de Pedro Almodóvar.

Espera-se que Ariana DeBose ganhe Melhor Atriz Secundária pela nova versão do musical "West Side Story", embora seu venerado realizador, Steven Spielberg, enfrente forte concorrência de Jane Campion para Melhor Realização.

O épico de ficção científica "Dune - Duna" provavelmente ganhará o maior número de estatuetas pelo seu domínio nas categorias técnicas.

A "geração TikTok"

Homem-Aranha: Sem Volta a Casa

A cerimónia dos Óscares está de volta ao Dolby Theatre, em Hollywood, após os protocolos da pandemia da COVID-19 terem transferido a festa para uma estação de comboios no centro de Los Angeles no ano passado.

O canal de televisão ABC espera recuperar os níveis de audiência registados nos anos anteriores à crise sanitária mundial.

A festa de gala de 2021 foi vista por pouco mais de 10 milhões de espectadores, uma queda de 56% em relação a 2020, que já fora um recorde de baixa audiência.

Esforços para reconquistar os espectadores incluem o novo prémio "Favorito dos Fãs", votado on-line pelo público. Foi incluído na disputa após "blockbusters" como "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa" e o filme de James Bond "007: Sem Tempo para Morrer" receberem apenas algumas nomeações.

"Acho que os Óscares estão finalmente a tentar algo de novo, vendo como podem alcançar um novo público, esta nova geração do TikTok", comentou Clayton Davis.

Entre as novidades, está a polémica decisão de pré-gravar os prémios em oito categorias.

Os vencedores pré-anunciados de Som, Banda Sonora e outros Óscares menos mediáticos terão os seus discursos editados na emissão. Mas a novidade causou polémica na indústria.

"Entendo que a Academia está a trabalhar sob uma enorme pressão, mas acho que cometeram um erro", disse Denis Villeneuve, diretor de "Dune", à Franc-Presse.

O tempo ganho será destinado a apresentações musicais mais longas e a discursos ds anfitriãs Amy Schumer, Wanda Sykes e Regina Hall.

Beyoncé interpretará a sua música do filme "King Richard"; Billie Eilish a da saga 007; e o colombiano Sebastián Yatra, de "Encanto", todos nomeados.

Ainda assim, melhorar os níveis de audiência será "uma tarefa muito difícil", disse Feinberg.

"Se [...] ficarem iguais, ou caírem ainda mais, têm um problema muito grande", completou.