A competição do IndieLisboa de quinta-feira abre com o egípcio “In the Last Days in the City”, uma construção pouco habitual em torno de um facto histórico que, quando o filme começou a ser feito, ainda não tinha acontecido mas, quando ele foi terminado, já se tinham passados quatro anos dos acontecimentos.

O tema é o da Primavera Árabe, o movimento de acontecimentos iniciados a partir da Tunísia no final de 2010 que tem sido um tema incontornável do cinema dos países onde ocorreram.

O realizador Tamer El Said começou em 2007 a construir este registo naturalista, no limite entre a ficção e o documental, que narra a história de um realizador (Khalid Abdalla) que procura reconstruir o seu passado ao mesmo tempo que faz um filme. Quem acaba por assumir o protagonismo no registo visual é o próprio Cairo, cujos pormenores quotidianos vão sendo entrelaçados com o que estava por vir.

Imagens da cidade também estão em “Innocence of Memories – Orhan Pamuk’s Museum and Istanbul”, onde o escritor premiado com o Nobel em 2006 encontra-se com o documentarista Grant Gee.

O enterro dos mortos

Em “Eva no Duerme” o tema central é a própria memória – neste caso, coletiva. A partir de 1955, três anos após a morte de Eva Perón, a Argentina entrou num vórtice de golpes de Estado que se estenderia de forma intermitente por três décadas. Sob a névoa destes tempos de asfixia, Pablo Aguero espreita por entre chuvas e destroços o que sobrou desta era negra: um cadáver que insiste em não morrer.

O filme recria de um modo muito particular um episódio quase caricato da história do país – o desaparecimento do corpo embalsamado de Perón, o maior mito político da Argentina. Durante os 25 anos que levaram para ele ser encontrado, déspotas sucederam-se e falharam, apesar de permanentes esforços, em eliminá-lo da memória popular.

De participações internacionais, há uma pequena aparição de Gabriel García Bernal, mas é o 'holy motors' Denis Lavant quem tem tempo suficiente para protagonizar o melhor 'sketch' do filme.

Terror, música, 'geeks'

Um dia cheio oferece oportunidade para descobrir se a versão de Dario Argento para “O Fantasma da Ópera” (1998) merece uma releitura depois de quase 20 anos, enquanto o alemão “Der Nachtmar” abre os trabalhos da secção Boca do Inferno relatando a amizade entre uma mulher… e um monstro.

Já “Raiders of the Lost Dark – The Adaptation” traz a suprema aventura 'geek' quando dois fãs decidem recriar o clássico de Steven Spielberg na sua própria cave, ao passo que o Indie Music avança com a história da trágica figura de Mark Linkous , líder dos Sparklehouse, em “The Sad & Beautiful World of Sparklehouse”.

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