A organização do Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer anunciou a sua programação completa esta terça-feira, incluindo o título que fecha o festival, as várias secções competitivas e paralelas.
No dia 28, o filme de encerramento será "Skate Kitchen", a primeira longa-metragem de ficção de Crystal Moselle, a realizadora do documentário sensação "The Wolfpack", que aqui desenha uma história imbuída da cena skater feminina de Nova Iorque, em que Camille, uma adolescente introvertida, faz amizade com um grupo de raparigas skaters, chamado Skate Kitchen, onde rapidamente se integra.
Anteriormente já tinha anunciado que o documentário "Indianara", sobre a ativista transgénero brasileira Indianara Siqueira, abrirá a 23.ª edição a 20 de setembro.
Realizado por Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, o filme acompanha dois anos de vida de Indianara Siqueira, de "luta e resistência" pelos direitos de comunidades marginalizadas e numa altura de convulsões políticas no Brasil, desde destituição de Dilma Rousseff à eleição de Jair Bolsonaro.
São 36 os países presentes na programação de 101 filmes, com a França e os EUA os mais preponderantes, com 16 cada. Seguem-se o Brasil, que com 12 títulos continua a ser um dos países com mais expressão no Queer Lisboa, e a Alemanha, também com 12 filmes, espalhados pelas várias secções.
Um total de sete filmes compõem a presença portuguesa, incluindo a antestreia de "Golpe de Sol", de Vicente Alves do Ó, focado em quatro personagens numa casa isolada no campo, à volta de uma piscina. O elenco integra Ricardo Pereira, Nuno Pardal, Oceana Basílio e Ricardo Barbosa.
Na secção Panorama vão passar cinco títulos que marcaram o cinema "queer" neste último ano, com destaque para o nomeado aos Óscares "Can You Ever Forgive Me?", com Melissa McCarthy; "JT LeRoy", de Justin Kelly, onde Kristen Stewart e Laura Dern revisitam a história louca da encenação literária de JT LeRoy; "Making Montgomery Clift", realizado por Robert Clift, sobrinho do lendário ator, e Hillary Demmon, que examina as narrativas, verdadeiras ou falsas, que foram construindo o mito; e "Rafiki", de Wanuri Kahiu, ficção lésbica vinda do Quénia (onde foi inicialmente banida e posteriormente permitida a exibição comercial durante sete dias para se qualificar para os Óscares), em que Kena e Ziki enfrentam as convenções que esperam que as “boas raparigas” se tornem “boas esposas”.
Na programação completa anunciada que passará pelo cinema São Jorge e a Cinemateca Portuguesa destaca-se uma sessão especial com "Mister Lonely", de Harmony Korine, skater, artista, argumentista, e acima de tudo realizador que redefiniu e baralhou questões de género e sexualidade, e levou o conceito de "queer" a novos limites.
No seu filme, a história centra-se num imitador de Michael Jackson que faz espetáculos de rua, em Paris, para sobreviver, e se apaixona por uma bela sósia de Marilyn Monroe, que lhe sugere mudarem-se para uma comunidade de imitadores nas Highlands escocesas.
Outro momento será a retrospetiva com filmes que integraram a secção "Panorama", criada há 40 anos no Festival de Cinema de Berlim e que o Queer considera ser "uma das mais ousadas e inspiradoras montras de cinema não alinhado (incluindo o cinema queer) na Europa".
Numa parceria com o Queer Media Database Canada-Québec, o festival irá também apresentar um programa paralelo intitulado Corpos Desejo Paisagens, com um arquivo de curtas canadianas LGBTQ 1989-2017.
A 23.ª edição vai ainda fazer reflexões sobre o que significou meio século dos modernos movimentos de luta pelos direitos e dignidade destas mesmas comunidades, que vão desde a celebração dos 50 anos dos Motins de Stonewall à mostra fotográfica dos 20 anos da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa e "uma conversa à volta dos 'Novos Populismos' e do impacto cada vez mais devastador que estes têm nas vidas das populações LGBTI+ em todo o mundo".
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