A décima edição do festival dedicado ao documentário propõe 186 filmes, até ao dia 28, entre competições nacionais e estrangeiras, homenagens, sessões especiais e três novas secções.

Num ano de «resistência», por causa do contexto económico, como anunciou a direção, o festival apresentará, na nova secção «Cinema de Urgência», pequenos filmes que foram «feitos diretamente sobre os acontecimentos políticos e sociais imediatos». Entre eles estão
«Artigo 45.º», de Rui Pedro Luís, sobre a manifestação de 22 de março, em Lisboa, a curta-metragem
«Thanassis - A Greek Dogumentary», de Demetri Sofianopoulos, um olhar sobre a crise grega do ponto de vista de um cão rafeiro, e o russo
«Zavtra (Tomorrow)», de Andrey Gryazev, sobre o coletivo artístico Voina.

Há ainda duas outras secções novas: «Verdes Anos», com filmes produzidos em escolas de cinema, e «Passagens», dedicada aos projetos que unem o documentário à arte contemporânea, apresentando obras de
Chantal Akerman e do realizador
Pedro Costa. A cineasta belga estará em Lisboa para apresentar uma retrospetiva da sua obra, repartida entre o Doclisboa e a Cinemateca.

Dos 186 filmes selecionados, 68 são portugueses, numa aposta na produção nacional, em particular de novos realizadores. Entre as escolhas está «A última vez que vi Macau», de
João Rui da Mata e
João Pedro Rodrigues, único filme português na competição internacional e que abrirá oficialmente o Doclisboa.

A competição portuguesa de longas-metragens apresenta nove filmes, entre eles três autoproduzidos:
«Cativeiro», de André Gil Mata,
«O Sabor do Leite Creme», de Rossana Torres e Hiroatsu Suzuki, e
«Seems so Long Ago, Nancy», de Tatiana Macedo. A competição de curtas apresenta oito filmes, nomeadamente
«Bela Vista», de Filipa Reis e João Miller Guerra, dois dos realizadores do premiado «Li ké Terra».

Na secção «Heartbeat», que abrirá com um documentário de
Edgar Pêra sobre os Madedreus, haverá filmes sobre Elliot Smith, Bill Callahan, sobre o histórico concerto dos Genesis em Portugal em 1975 e sobre a Tropicália.

Destaque ainda para as estreias de
«Não me importava de morrer se houvesse guitarras no céu», de Tiago Pereira, e
«Shut up and play the hits», sobre o músico e produtor James Murphy, que será exibido na discoteca Lux.

Numa homenagem ao cineasta
Fernando Lopes, falecido em maio, serão apresentados três filmes: «As Pedras e o Tempo» (1961), «Cinema» (2001) e «Olhar/Ver - Gérard Fotógrafo» (1998).

Organizado pela Apordoc - Associação para o Documentário, o DocLisboa vai decorrer na Culturgest, no Cinema Londres e no Cinema São Jorge, na Cinemateca Portuguesa e ainda na Carpe Diem Arte e Pesquisa, na Galeria Palácio Galveias e no LuxFrágil.

Tendo sofrido um corte de 20 por cento, o DocLisboa teve este ano um apoio financeiro de 337 mil euros, provenientes da Câmara Municipal de Lisboa, do Instituto do Cinema e do Audiovisual e do programa europeu Media e da Culturgest. Esta é a primeira edição do festival com uma nova direção, composta por Susana de Sousa Dias, Cinta Pelejà, Cíntia Gil e Ana Jordão.

O DocLisboa vai também promover um conjunto de mesas-redondas, entre as quais uma sobre os laboratórios independentes em Portugal, com o objetivo de abrir o debate público sobre o destino dos equipamentos laboratoriais da Tobis.

O encerramento ficará por conta do filme
«Cesar deve Morrer», de
Paolo e
Vittorio Taviani, Urso de Ouro em Berlim. O cineasta romeno
Andrei Ujica, autor de
«Autobiografia de Nicolae Ceausescu», vai presidir o júri da competição internacional.