Com 77 anos, mais de 50 de carreira, e dois Óscares, Dustin Hoffman já viu de tudo.... exceto o mau estado da indústria cinematográfica, por oposição ao que está a acontecer na televisão.
«Neste momento, acho que a televisão está no melhor momento de sempre e acho que o cinema nunca esteve tão mal - nos 50 anos em que ando nisto, está no pior», comentou em entrevista ao jornal britânico
The Independent.
Enquanto atores da sua geração como Robert Redford e Michael Douglas ajustam-se e tentam chegar o novos públicos participando em produções da Marvel, Hoffman notou que os filmes que estão a ser mais sacrificados são os dramas, precisamente os que fizeram o seu nome: «A Primeira Noite», «O Cowboy da Meia-Noite», «Lenny», «Os Homens do Presidente», «Kramer Contra Kramer» ou «Encontro de Irmãos».
A frustração do ator parece surgir do facto de, com exceção dos projetos que têm grandes orçamentos, neste momento grande parte dos filmes estão a ser feitos em cerca de 20 dias, o que acontece não só porque a tecnologia digital permite aos realizadores fazer mais cenas por dia, mas principalmente pelos orçamentos serem cada vez mais baixos.
«É difícil de acreditar que se pode fazer um bom trabalho pela pouca quantidade de dinheiro [que existe] nos dias de hoje. Fizemos «A Primeira Noite» e esse filme ainda se aguenta, tinha um belíssimo argumento em que gastaram três anos e um realizador excecional e um elenco e equipa excecionais, mas era um filme pequeno, quatro paredes e atores, era tudo, e ainda assim foram 100 dias de rodagem».
Dustin Hoffman está a tentar encontrar um novo projeto para fazer atrás das câmaras, depois da experiência com «Quarteto» em 2012, mas sem grande resultado.
«Tenho visto tudo o que chega até mim, mas não estou a ter muita sorte no que diz respeito à realização. Acho que não tem nada a ver com o facto de se ser bom ou não, é apenas se os nossos filmes fazem dinheiro ou não».
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