“Os Papéis do Inglês”, de Sérgio Graciano, que se estreia na quinta-feira, é “uma grande história de aventuras” do escritor Ruy Duarte de Carvalho e sobre a relação dele com Angola.

“É um projeto que tenho há muito tempo e vem da minha amizade com o Ruy, que vem dos anos 1970. (…) É um filme sobretudo sobre a relação dele com Angola, mas contando uma grande história de aventuras que é a aventura dele à procura dos papéis do pai”, disse o produtor Paulo Branco à agência Lusa.

Produzido pela Leopardo Filmes, o filme tem argumento de José Eduardo Agualusa e baseia-se na poesia e na ficção do escritor Ruy Duarte de Carvalho, em particular na trilogia “Os Filhos de Próspero”, composta pelas obras “Os Papéis do Inglês” (2000), “As Paisagens Propícias” (2005) e “A Terceira Metade” (2009).

O filme é um projeto pessoal de Paulo Branco tornado realidade com “dois cúmplices extraordinários”, Agualusa, no argumento, e Sérgio Graciano, na realização, tendo este passado dez semanas em rodagem no deserto do Namibe, no sul de Angola.

“Aquela relação que ele tinha com aquele espaço absolutamente extraordinário do deserto do Namibe e com as populações locais, foi isso que quisemos transmitir, aproveitando muito da obra e a própria biografia do Ruy”, explicou Paulo Branco.

O ator João Pedro Vaz interpreta Ruy Duarte de Carvalho, em viagem por Angola em busca de uns papéis antigos deixados pelo pai, numa narrativa que diverge para outras histórias, nomeadamente em duas personagens presentes na sua obra do escritor: Severo (Carlos Agualusa) e Trindade (David Caracol), que podem ser vistas como alter egos do escritor.

O elenco é composto ainda por Miguel Borges, Délcio Rodrigues, Joana Ribeiro, Carolina Amaral e Sandra Gomes, entre outros.

Para o produtor, o filme “Os Papéis do Inglês” é “uma ficção que raramente existe no cinema em Portugal neste momento, no sentido de serem ficções que são reflexões sobre a História, sobre o território, sobre as relações dos portugueses com aquele espaço”.

“Este filme é, portanto, uma tentativa de traduzir para o ecrã a pluralidade de um artista que nunca se limitou a uma única forma de expressão”, afirmou o realizador Sérgio Graciano nas notas de produção.

“Os Papéis do Inglês” chega a cerca de 30 salas de cinema em Portugal, tem estreia garantida em novembro em Angola e está integrado na competição do Festival Internacional de Cinema de Tóquio, que começa no próximo dia 28.

O escritor e antropólogo Ruy Duarte de Carvalho nasceu em Santarém em 1941, naturalizou-se angolano na década de 1980 e morreu em 2010 na Namíbia, onde vivia. Foi um autor multifacetado, cuja obra se estendeu da literatura às artes plásticas, da antropologia ao cinema, que Paulo Branco também produziu.

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