Quando o cinema musical dominava as preferências do público, nos anos 40 e 50, as jóias da coroa do género eram as fitas criadas pela MGM. Entre as várias estrelas da companhia, como
Gene Kelly ou
Judy Garland, uma distinguia-se pela voz operática, relativamente pouco vulgar apesar do sucesso na década de 30 e inícios de 40 das operetas cinematográficas de
Jeannette MacDonald e
Nelson Eddy.

Kathryn Grayson, nascida Zelma Kathryn Elisabeth Hedrick em 1922, começou a ter aulas de canto aos 12 anos e estreou-se no cinema aos 19, num pequeno papel em
«A Secretária de Andy Hardy», já na MGM. A ideia do estúdio, ciente das suas capacidades vocais, era apresentá-la como contrapartida a
Deanna Durbin, super-estrela juvenil de voz operática da Universal, cuja carreira no cinema definharia nessa década.

Apesar de protagonizar em 1942
«Sete Namoradas» e em 1943
«A Festa dos Ídolos», o seu primeiro grande sucesso surgiu só em 1945 com o clássico
«Paixão de Marinheiro», precisamente no papel de uma jovem cantora que quer ser descoberta no cinema, tarefa na qual é auxiliada por dois marinheiros encarnados por
Gene Kelly e
Frank Sinatra. No final do filme, ela torna-se uma estrela, na vida real aconteceu o mesmo.

Voltou depois a contracenar com Sinatra em
«Tudo Canta no Meu Bairro» e
«The Kissing Bandit», antes de emparelhar com o tenor
Mario Lanza, então uma imensa estrela, nos filmes
«Aquele Beijo à Meia Noite» (1949) e
«Nas Redes do Amor» (1950), que apesar de bem sucedidos não apagaram a memória da dupla operática MacDonald e Eddy.

Maior fortuna teve a sua parceria com o também cantor
Howard Keel, que, além de
«O Amor Nasceu em Paris» (1952), deu origem a dois clássicos:
«O Barco das Ilusões» (1951) e
«Beija-me Catarina» (1953).

Com o fim da era dos musicais dos grandes estúdios no cinema, no final dos anos 50, Grayson saiu de cena no grande ecrã, mas ainda teve uma longa carreira no teatro, em musicais como «Show Boat», «The Merry Widow» ou «Camelot», e até em óperas como «La Bohème» ou «Madame Butterfly».