A atriz Cicely Tyson, a produtora e presidente da Lucasfilm Kathleen Kennedy e o seu marido, o produtor Frank Marshall, o compositor Lalo Schifrin e o publicitário Marvin Levy receberam Óscares honorários este domingo à noite em Los Angeles durante a décima cerimónia dos Governor's Awards.

Estes prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográfias são atribuídos para "honrar uma distinção extraordinária ao longo de uma carreira, contribuições excepcionais para o estado das artes e ciências cinematográficas, ou por serviços relevantes prestados à Academia".

Tradicionalmente entregues durante a própria cerimónia de entrega dos Óscares, desde 2009 que se realizam alguns meses antes, numa cerimónia que apesar de não ser transmitida pela televisão, conta com a presença de muitas estrelas de Hollywood: com tantos votantes nos Óscares presentes, os estúdios perceberam que é uma excelente oportunidade para fazer promover filmes, atores e realizadores que, dentro de alguns meses, podem estar na corrida aos prémios.

Um deles é Hugh Jackman, um fortíssimo candidato às nomeações com "O Candidato Favorito".

Pela cerimónia também andaram Lady Gaga, Nicole Kidman, Lupita Nyong'o, Ethan Hawke, Emily Blunt e John Krasinki, que assim chamaram a atenção para "Assim Nasce Uma Estrela" , "Destroyer", "Black Panther", "No Coração da Escuridão" ou "Um Lugar Silencioso".

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Cicely Tyson, com 93 anos (e mais um já no próximo mês), recebeu o Óscar honorário das mãos da realizadora Ava DuVernay. A atriz foi nomeada para os Óscares por "Esperança" (1972), de Martin Ritt, no papel da filha de um trabalhador negro de uma plantação do sul dos EUA.

Estreou-se no cinema, num papel secundário em "Homens no Escuro", de Robert Wise, numa altura em que se afirmou como uma das primeiras modelos afro-americanas do seu país. "Um Coração Solitário", "The River Niger" (1976), "Mulheres do Sul" (1991) e "As Serviçais" (2011) são outros títulos significativos no cinema de uma atriz que teve uma carreira ainda mais importante no teatro e televisão (entrou, por exemplo, na lendária minissérie "Raízes" e, mais recentemente, em episódios de "House of Cards" e "Como Defender Um Assassino").

Clint Eastwood entregou outro prémio honorário ao compositor argentino Lalo Schifrin, autor da banda sonora do seu "Dirty Harry" (1971), que estudou música clássica e jazz na França, e começou a compor para o cinema em Buenos Aires em meados da década de 1950, será sempre recordado pelo tema da série "Missão: Impossível" criado nos anos 60, tão memorável que permaneceu com naturalidade quando chegou o primeiro filme com Tom Cruise em 1996 e as cinco sequelas.

Aliás, Kathy Bates, ao fazer uma homenagem, disse mesmo: "Vamos ser honestos, sem o tema 'cool' de 'Missão: Impossível', aposto que o Tom Cruise falha na sua missão pela primeira vez, o que quer dizer que não haverá mais cinco sequelas".

No cinema, Lalo Schifrin assinou bandas sonoras de mais de 100 filmes, incluindo "O Aventureiro de Cincinnati" (1965), "Bullitt" (1968), "O Dragão Ataca" (1973) e "Hora de Ponta" (1998), além dos seis que lhe valeram nomeações para os Óscares competitivos que sempre lhe fugiram: "O Presidiário" (1967), "A Raposa" (1967), "A Viagem dos Malditos" (1976), "Amityville - A Mansão do Diabo" (1979), "A Golpada - Parte II" (1983) e a canção "People Alone" de "Um Amor em Competição" (1980).

Laura Dern homenageou Marvin Levy, que se tornou o primeiro publicitário a receber um Óscar honorário.

A sua carreira começou pelo estúdio MGM antes seguir para a Columbia Pictures, onde foi responsável pelas campanhas publicitárias de títulos como "O Abismo" (1977) e "Kramer Contra Kramer" (1979). Foi o seu trabalho para "Encontros Imediatos do Terceiro Grau" (1977) que marcou o início de uma relação já com quatro décadas com Steven Spielberg, passando pela Amblin Entertainment e DreamWorks. Esteve envolvido nas campanhas para filmes como "E.T." (1982), "Regresso ao Futuro" (1985), "Quem Tramou Roger Rabbit?"  (1988), "A Lista de Schindler" (1993), "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), "Beleza Americana" (1999), "Gladiador" (2000) e "Lincoln" (2012).

Spielberg também tem muito em comum com Kathleen Kennedy e o marido Frank Marshall, a quem entregou o prémio Irving G. Thalberg, que não é uma estatueta do Óscar mas um busto, destinado a produtores cuja carreira se destaca pela "qualidade elevada consistente" e que não é atribuído todos os anos (o último foi em 2010, a Francis Ford Coppola).

Esta equipa trabalhou em vários filmes do realizador e foram co-fundadores da Amblin, mas a produtora The Kennedy/Marshall Company começou formalmente em 1992 e conseguiu nomeações para o Óscar de Melhor Filme com "O Sexto Sentido" (1999), "Nascido para Ganhar" (2003), "Munique" (2005) e "O Estranho Caso de Benjamin Button" (2008). Os cinco filmes da saga "Jason Bourne" (2002-2016), "Sinais" (2002), "Persépolis" (2007), "O Escafandro e a Borboleta" (2007) e "Milagre no Rio Hudson" (2016) são outros títulos de prestígio.

Antes disso, os dois partilharam a nomeação por "A Cor Púrpura" (1985), enquanto Marshall foi também nomeado por "Os Salteadores da Arca Perdida" (1981) e Kennedy por "E.T." (1982), "Cavalo de Guerra" (2011) e "Lincoln" (2012).