"The Square" recebeu a Palma de Ouro da 70ª edição do Festival de Cannes do júri presidido por Pedro Almodóvar.

O filme sueco de Ruben Östlund é um vencedor inesperado que contraria todas as previsões. Trata-se de uma crítica em tom de sátira à burguesia ocidental e ao mundo da arte contemporânea através da história da vingança do curador de um museu de arte moderna em Estocolmo depois de ser assaltado quando se prepara para inaugurar uma exposição com grandes propósitos centrada em engrandecer os valores universais, através de um simples quadrado desenhado no chão.

"É um filme formidável e uma equipa formidável. Espero que ainda possamos trabalhar juntos", disse o diretor ao receber o prémio principal do festival. Há três anos recebera outro na secção alternativa "Un Certain Regard" com "Força Maior", que estreou em Portugal.

Estavam 19 títulos a concurso e foram vistos ao longo de 12 dias pelo júri presidido por Pedro Almodóvar, o primeiro espanhol a ter essa posição, e que juntava os atores Will Smith, Jessica Chastain e Fan Bingbing, a atriz e realizadora Agnès Jaoui, os realizadores Paolo Sorrentino, Maren Ade e Park Chan-wook, e o compositor Gabriel Yared.

À entrada da cerimónia, Jessica Chastain comentou que os membros do júri tinham visto "filmes lindos, foi uma escolha difícil". Os críticos discordam, comentando nos últimos dias que a seleção não foi de alto nível e que muitos nomes que geravam grande expectativa acabaram por desiludir.

Pedro Almodóvar fala de "The Square" na conferência de imprensa do júri.

O Grande Prémio, efetivamente o segundo lugar nas decisões do júri, foi para um filme que era favorito à Palma, "120 Battements par Minute", de Robin Campillo, que revive os anos da epidemia da Sida em Paris nos anos 1990.

"Foi uma aventura coletiva, uma grande história. Nunca somos tão belos e fortes como quando estamos unidos", declarou o cineasta francês ao receber o prémio.

O Prémio do Júri foi para outro dos favoritos à Palma, o russo "Loveless", de Andrey Zvyagintsev, o drama sobre um casal que está a divorciar e não tem nenhum afeto pelo filho de 12 anos, mas que terá que permanecer junto para o encontrar quando ele desaparece.

Na realização, o prémio foi para Sofia Coppola por "The Beguiled", a adaptação de um romance de Thomas Cullinan que já foi levado aos cinemas em 1971 por Don Siegel, com Clint Eastwood como protagonista de "Ritual de Guerra". Foi apenas a segunda mulher a conseguir após Yuliva Solntseva por "Crónica dos Anos de Fogo" em 1961.

"Obrigada ao meu pai, por ter partilhado [comigo] o seu amor pelo cinema", declarou a filha do cineasta americano Francis Ford Coppola, que nunca ganhou pela realização no festival apesar das Palmas de Ouro para "O Vigilante" (1974) e "Apocalypse Now" (1979).

Menos inesperados foram as categorias de interpretação, com Joaquin Phoenix a ganhar por "You Were Never Really Here", onde interpreta um violento e traumatizado veterano da Guerra do Vietname que tem de resgatar uma adolescente de uma rede de prostituição e disse que era  "um prémio totalmente inesperado, os meus sapatos não são adequados" (eram uns ténis Converse).

A alemã Diane Kruger foi eleita a Melhor Atriz com "Aus dem Nichts" o primeiro grande papel num filme do seu país, como uma mãe que procura vingar a morte do seu marido, de origem turca, e do filho, num atentado cometido por neonazis.

Dirigindo-se ao realizador Fatih Akin, agradeceu por ter acreditado nela: "Deu-me uma força que desconhecia ter e que jamais esquecerei.

Na sua 70ª edição de aniversário, o Festival de Cannes atribuiu, ainda, um prémio especial a Nicole Kidman.

Sem qualquer distinção ficou "Happy End", de Michael Haneke, em quem muitos apostavam para ganhar pela terceira vez a Palma após "O Laço Branco" (2009) e "Amor" (2012).

PALMA DE OURO
The Square, de Ruben Östlund (Suécia, Alemanha, França, Dinamarca)

GRANDE PRÉMIO
120 Battements par Minute, de Robin Campillo (França)

PRÉMIO DO JÚRI
Nelyubov (Loveless), de Andrey Zvyagintsev (Rússia/França)

REALIZAÇÃO
Sofia Coppola por "The Beguiled"

INTERPRETAÇÃO FEMININA
Diane Kruger por "Aus dem Nichts" (Alemanha/França)

INTERPRETAÇÃO MASCULINA
Joaquin Phoenix por "You Were Never Really Here" (EUA/França)

ARGUMENTO (ex-aequo)
Yorgos Lanthimos e Efthymis Filippou por "The Killing of a Sacred Deer" (Grã-Bretanha/Irlanda)
Lynne Ramsay por "You Were Never Really Here" (EUA/França)

PRÉMIO DO 70º ANIVERSÁRIO
Nicole Kidman

SECÇÃO CÂMARA DE OURO (distingue uma primeira obra apresentada em qualquer secção)
Jeune Femme, de Léonor Serraille (França/Bélgica)

SECÇÃO CURTAS-METRAGENS

Palma de Ouro
Xiao Cheng Er Yue, de Liu Yang (China)

Menção Especial do Júri
Katto, de Teppo Airaksinen (Finlândia)

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