O evento, que é realizado no estado norte-americano do Utah e celebra o cinema independente, foi obrigado a adotar o formato online pelo segundo ano consecutivo devido à disseminação da variante Ómicron do coronavírus nos Estados Unidos.

A pandemia obrigou os cineastas a inovar, e "The Princess" é um dos vários filmes exibidos em Sundance que foram produzidos inteiramente a partir de imagens de arquivo.

Sem um narrador, o documentário transporta os espectadores de volta ao tumultuado casamento de Diana com o príncipe Charles, e explora a obsessão dos media e o impacto desses eventos com imagens contemporâneas.

"É como uma tragédia shakespeariana, mas que muitos de nós vivemos e na qual até participámos", disse o realizador, Ed Perkins.

Embora muitos documentários anteriores tenham tentado "entrar na cabeça de Diana", Perkins concentra-se em como a imprensa e o público percebiam e julgavam o seu comportamento.

Entrevistas famosas e constrangedoras que o casal deu a grandes redes de televisão são exibidas ao lado de filmagens de paparazzi com enormes lentes escondidas em arbustos.

Prince Charles (L), Princess Diana (R) and their children William (2nd L) and Harry watch the march past on a dais on the mall as part of the commemorations of VJ Day on August 19, 1995.The commemoration was held outside Buckingham Palace and was attended by 15,000 veterans and tens of thousands of spectators. / AFP PHOTO / Johnny EGGITT
créditos: AFP

A morte de Diana é vista através de vídeos caseiros de um grupo de amigos que via o noticiário ao vivo na televisão, cuja emoção e leveza inicial se transformam em terror quando a gravidade do acidente em Paris é revelada.

Com tantos documentários feitos sobre Diana, Perkins disse que espera que a sua produção possa “adicionar algo novo à conversa”, criando algo “mais imersivo e experimental”.

Enquanto isso, a monarquia britânica atravessa uma crise com a partida do filho de Diana, o príncipe Harry, e da sua mulher, Meghan, que acusaram a família de racismo e travam batalhas legais com a imprensa britânica.

“Parte da intenção deste filme, ou a razão pela qual parecia ser o momento certo para o fazer, talvez fosse, entre outras coisas, pela sua história”, afirmou o produtor Simon Chinn.

"O nosso instinto foi voltar ao que sempre pensámos ser 'a origem da história' e ver o que poderíamos aprender com o que aconteceu, através da história de Diana”, acrescentou.

Fire of Love

"Evolução"

A diretora do festival, Tabitha Jackson, disse à imprensa na abertura que a versão virtual de Sundance provavelmente veio para ficar, mesmo após a pandemia, pois ajudou a "diversificar o público".

"Assim que descobrirmos como fazer isso, e que possamos fazê-lo, eu pessoalmente não quero voltar atrás", declarou.

Ao abrir o festival, o cofundador Robert Redford descreveu o formato online como "uma emocionante evolução da perspetiva de Sundance".

A sua mensagem gravada, que seria exibida "numa nave espacial" de realidade virtual num teatro, teve um problema técnico e teve de ser postada posteriormente no site do festival.

Outra das produções da noite de abertura foi "Fire of Love", mais um documentário construído a partir de imagens de arquivo. O filme segue as façanhas dos vulcanólogos franceses Katia e Maurice Krafft.

Os Kraffts morreram em 1991 enquanto filmavam a explosão do vulcão Monte Unzen no Japão. O filme recupera imagens gravadas por eles, combinando espetaculares erupções vulcânicas com a relação única que existia entre o casal.

When You Finish Saving The World

"When You Finish Saving The World", protagonizado por Julianne Moore e Fin Wolfhard, também se estreou no festival.

A estreia na realização do ator Jesse Eisenberg fala de uma família disfuncional e dos confrontos entre uma mãe, que administra um abrigo para mulheres, e o seu filho adolescente interessado em tornar-se famoso na internet através da música.

O Festival de Sundance decorre até 30 de janeiro.