Segundo contou à Lusa o biólogo e fotojornalista João Rodrigues, trata-se de um filme baseado numa história real, já que inclui “ficção, documentário e arte contemporânea, tudo no mesmo pacote”, para conseguir atingir todo o tipo de públicos.

Após a estreia, no sábado, às 16:30, no Auditório Municipal de Olhão, o filme vai andar em circuito “fechado”, em festivais de cinema, escolas, universidades e municípios algarvios, passando depois por Lisboa, Porto, Espanha e Nova Iorque e, mais tarde, com estreia prevista num canal televisivo português.

No que apelida de “ferramenta de sensibilização para a preservação desta espécie”, o realizador relata, em pouco menos de meia hora, um resumo da história da relação entre a comunidade ribeirinha e a figura do cavalo-marinho.

O filme traz “o lado mais puro da Ria Formosa”, com depoimentos de especialistas em cavalos-marinhos, polícia marítima, Governo, pescadores, comunidade das ilhas barreira e uma organização de defesa do ambiente marinho, numa “busca incessante por respostas”, adiantou.

A componente ficcionada faz “as pontes de ligação”, mostrando o que aconteceu ao longo dos tempos entre o homem e a Ria Formosa, onde “deixou de haver brio das cuidar das coisas”, referiu João Rodrigues.

O fotojornalista da National Geographic contou que foi num artigo publicado na revista que tomou conhecimento do desaparecimento da comunidade de cavalos-marinhos da Ria Formosa, que em tempos foi a maior do mundo, sem que estivessem a ser “tomadas as necessárias medidas para o evitar”.

“Basta fazer uma mergulho na ria para ver a quantidade de lixo que existe naquelas águas”, lamentou o realizador.

Baterias de barcos a fazer de poita (ancoradouro provisório), artes ilegais a operar sem boia, redes fantasma e descargas ilegais são alguns dos exemplos que João Rodrigues conseguir registar no filme.

Normalmente, confessou, o fotojornalista faz um artigo sobre o assunto e dá o assunto “por terminado”, mas o facto de viver no Algarve e por se “ter envolvido mais” nesta questão, não lhe permitiu conseguir “fechar o ciclo”.

Por isso, referiu, considerou que era importante divulgar às populações a problemática desta comunidade de cavalos-marinhos, até porque muitos “nem sabiam da sua existência”.

Um livro fotográfico, onde pudesse mostrar “o lado bonito e o que está a acontecer de mal”, foi a primeira ideia, que acabou por ser ultrapassada pela curta-metragem, mas que “ainda irá acontecer”, revelou.

Com a sua profissão a levá-lo a zonas naturais protegidas pelo mundo, João Rodrigues aplaudiu a intenção de criar dois refúgios para salvaguardar os cavalos-marinhos, mas alertou que é preciso “intensificar a vigilância”.

“Olho para este parque e parece-me tudo menos um parque natural. Pelo tráfego marítimo descontrolado, cada um pode fundear onde quer. É a única reserva que conheço onde não há qualquer controlo” lamentou.

O filme realizado por João Rodrigues foi produzido pela produtora Chimera Visuals com o financiamento da Câmara de Olhão e apoio de várias empresas.

A estreia da curta-metragem conta com a presença do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos.