Os hackers que atacaram a base de dados da Sony Pictures invocaram os atentados do 11 de setembro de 2001 na sua última ameaça ao grupo para evitar a estreia, no Natal, de «Uma Entrevista de Loucos», uma comédia sobre o assassinato do líder norte-coreano Kim Jong-un.

A advertência teve lugar horas após vários ex-funcionários da Sony levarem o grupo a tribunal por não proteger a informação confidencial dos seus trabalhadores.

O autodenominado grupo GOP ou Guardiões da Paz (Guardians of Peace), que reivindica o ciberataque perpetuado a 24 de novembro, emitiu um comunicado sobre o início de uma nova vaga de publicação de documentos, que inclui e-mails do presidente da Sony Pictures, Michael Lynton, como um «presente de Natal».

«Mostraremos claramente que os locais de exibição de «The Interview» («Uma Entrevista de Loucos») no dia da estreia terão um destino amargo...». »O mundo verá em breve o péssimo filme que fez a Sony Pictures. O mundo ficará cheio de medo. Lembrem-se do 11 de setembro de 2001. Recomendamos que se mantenham longe dos cinemas».

A porta-voz do departamento de Estado Jen Psaki assinalou que as autoridades desconhecem a origem das advertências e lembrou que o filme «não é um documentário sobre a relação» entre Washington e Pyongyang [capital da Coreia do Norte].

«Não sabemos qual é a fonte [das ameaças], mas é importante destacar que não há informação credível para as apoiar», disse Psaki ao canal CNN.

Um cinema em Nova Iorque já cancelou uma estreia marcada para 18 de dezembro e várias cadeias de cinemas estão a estudar os riscos de exibição do filme. Por precaução, os protagonistas de «Uma Entrevista de Loucos», James Franco e Seth Rogen, cancelaram suas aparições públicas, revelaram os seus agentes ao canal ABC.

Primeiros processo contra a Sony

Vários ex-funcionários da Sony Pictures processaram os estúdios cinematográficos por não protegerem informações confidenciais dos seus funcionários.

A acusação, apresentada num tribunal de Los Angeles, alega que a «Sony fracassou no momento de garantir e proteger os seus sistemas informáticos, bem como a sua base de dados, o que a levou à difusão de informação confidencial dos demandantes e outros parceiros».

É «um pesadelo épico que mais corresponde a um «thriller» do que à vida real, e que se desenrola em câmara lenta para os atuais e antigos funcionários da Sony», diz a denúncia, de 45 páginas.

«Informações confidenciais, como os cerca de 47 mil números de identificação de segurança social, dados de empregados incluindo salário e o histórico médico e qualquer outro dado da Sony tornaram-se públicos e poderão estar nas mãos de criminosos», continua o documento.

«Devido ao falhanço da Sony em proteger os dados confidenciais dos seus atuais e antigos funcionários, este conteúdo está agora na internet, o que pode representar uma situação perigosa para essas pessoas», descreve a ação.