Richard Gere foi uma presença frequente nos filmes campeões de bilheteira durante muitos anos, desde que a carreira começou com "À Procura Dum Homem" (1977) e "Dias do Paraíso" (1978) e disparou a sério com "American Gigolo" (1980) e "Oficial e Cavalheiro" (1982).
É verdade que aconteceram alguns fracassos, como "Cotton Club" (184) e "O Rei David" (1985), mas depois de acertar em cheio com "Pretty Woman" (1990) manteve-se na primeira linha de Hollywood com "A Raiz do Medo" (1996) e "Noiva em Fuga" (1998).
A seguir a "Chicago" (2002), Óscar de Melhor Filme, algo aconteceu: aos 53 anos, ele começou gradualmente a desaparecer dos filmes lançados pelos principais estúdios de Hollywood.
Numa entrevista ao The Hollywood Reporter, Richard Gere revelou que a razão para se terem livrado dele não foi a idade, como acontece com as atrizes, mas por causa da China, que financia muito do que existe agora em Hollywood.
O ator é budista e um amigo de longa data do Dalai Lama, o líder religioso exilado do Tibete, ocupado pela China, o que levou ao famoso momento na cerimónia dos Óscares de 1993 quando não respeitou o texto preparado e criticou aquele país pela "situação horrível dos direitos humanos". Também apelou ao boicote dos Jogos Olímpicos de 2008 e continua a falar contra a China em muitas entrevistas.
"Sem dúvida que existem filmes em que não posso estar porque os chineses irão dizer 'Não com ele'. Recentemente tive um episódio em que alguém disse que não conseguiriam financiar o filme comigo porque isso iria perturbar os chineses", revelou.
Os primeiros sinais começaram antes, quando Gere fez "Justiça Vermelha" (1997), em que era um homem de negócios americano na China injustamente acusado de assassínio: "Toda a gente estava feliz com o filme. Recebi chamadas dos responsáveis do estúdio. Fui à 'Oprah'. Depois, vindo do ano, recebi chamadas a dizer 'Não queremos que fales com a imprensa.' A MGM queria fazer um grande acordo com os chineses. A China disse-lhes, 'Se lançarem este filme, não iremos comprar'. E portanto, deixaram-no cair".
O ator tem mantido a sua carreira principalmente em filmes independentes, mas mesmo esses podem tornar-se complicados: "Ia fazer uma coisa com um realizador chinês e duas semanas antes de começarmos a rodagem ele ligou a dizer 'Desculpa, não o posso fazer'. Tivemos uma chamada secreta numa linha segura. Se eu tivesse trabalhado com este realizador, a sua família nunca poderia voltar a sair do país e ele nunca iria trabalhar".
Apesar disso, Richard Gere não lamenta não conseguir papéis nas grandes sagas de Hollywood.
"Não estou interessado em interpretar o jedi enrugado na vossa saga", revelou. E acrescenta: "Tive sucesso o suficiente nas últimas três décadas para me poder dar ao luxo de poder fazer agora estes filmes mais pequenos".
"Os estúdios estão interessados na possibilidade de fazer grandes lucros. Mas eu continuo a fazer os mesmos filmes que fazia quando comecei. Pequenos, interessantes, baseados em personagens e histórias. [O boicote] não teve de todo impacto na minha vida", concluiu.
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