Se depender do estúdio, a saga original "Harry Potter" ainda tem potencial por explorar.

Na apresentação do relatório do terceiro trimestre, o diretor executivo da Warner Bros. Discovery foi claro nas prioridades do estúdio para o futuro: "Vamos focar-nos a sério nos franchises".

"Não temos um filme do Super-Homem há 13 anos. Não fazemos um 'Harry Potter' há 15 anos. Os filmes da DC e os filmes de Harry Potter deram muitos lucros à Warner Bros nos últimos 25 anos", destacou David Zaslav, citado pela imprensa norte-americana.

"Portanto, um foco nos franchises — uma das grandes vantagens que temos, ‘House of the Dragon’ é um exemplo disso, ‘A Guerra dos Tronos’, aproveitar os benefícios de 'O Sexo e a Cidade', 'O Senhor dos Anéis', ainda temos os direitos para fazer filmes ‘O Senhor dos Anéis'. Quais são os filmes que têm marcas que são percebidas e amadas em todo o mundo?", acrescentou.

Apesar de fazer alguma confusão com as datas ("Homem de Aço" é de 2013 e "Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça" de 2016, e o último "Harry Potter" é de 2011), o sinal é claro: depois da recente confirmação do regresso de Henry Cavill para um novo filme "Super-Homem", o estúdio quer convencer J.K. Rowling a regressar ao mundo de "Harry Potter".

"Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore"

O diretor executivo, que ficou "famoso" este verão ao decidir cancelar o filme "Bat Girl" já em fase de pós-produção, reforçou que a prioridade do estúdio são os grandes filmes "amados" e "conhecidos", que fazem "as pessoas sair mais cedo do jantar mais cedo para ir ver", notando que podem arrecadar nas bilheteiras de todo o mundo duas ou três vezes o que conseguem nos EUA.

"E temos muitos desses", reforçando o apelo: "Batman, Super-Homem, Aquaman, se conseguirmos fazer algo com a J.K. no ‘Harry Potter’ daqui para a frente [...] O que é que estamos a fazer com muitos dos grandes franchises que temos? Estamos a focar-nos nos franchises".

Significativamente, não se falou no encontro de "Monstros Fantásticos", a saga que sucedeu a "Harry Potter" no cinema: o terceiro dos cinco filmes planeados, "Os Segredos de Dumbledore", foi uma desilusão de bilheteira.

Com a polémica a aumentar à volta da escritora, acusada de transfobia, não foram ainda anunciados planos para o quarto filme.

Como ficou confirmado com "Bat Girl", o estúdio abandonou de vez os planos para fazer filmes diretamente para a sua plataforma de streaming: "Aprendemos o que não funciona. E isto é o que não funciona para nós baseado em tudo o que vimos: filmes diretamente para o streaming. Portanto, gastar mil milhões de dólares ou deitar abaixo a janela de um filme para um serviço de streaming [janela é um termo técnico que se refere ao tempo exclusivo de um filme em cada formato de lançamento: cinema, DVD, streaming, etc.]. Os filmes que lançamos nos cinemas correm significativamente melhor e lançar um filme de 160 minutos diretamente em streaming não fez nada pela HBO Max em termos de audiência, retenção ou apreciação pelo serviço".

E deixou um alerta: "A grande experiência de criar algo a qualquer custo acabou”.

"Perguntaram-me recentemente se achava que a era de ouro dos conteúdos tinha acabado. Disse absolutamente que não. Não há nada mais importante do que conteúdos, as pessoas consomem mais conteúdos do que nunca. Mas tem que ser um grande conteúdo. Já não se trata da quantidade", esclareceu.