É um dos nomes mais míticos entre os cultores da série Z, um cineasta inacreditavelmente prolífico (o próprio estimava ter dirigido mais de 200 fitas) que se passeou por todos os sub-géneros do cinema com uma grande variedade de pseudónimos, com meios de produção quase nulos e rodagens nos quatro cantos do mundo, inclusivamente em Portugal.
Jesús Franco faleceu em Málaga aos 82 anos, pouco mais da morte de Lina Romay, a sua musa há quatro décadas, aos 57 anos, vítima de cancro.

Franco, que também assinou filmes com pseudónimos como Frank Hollmann, David Khune, Franco Manera, Robert Zimmerman, Lulú Lavern ou Jess Franco, trabalhou todos os sub-géneros de «exploitation-movies» possíveis, desde filmes de canibais, vampiros, zombies e sadomasoquismo, a variações de fitas de guerra, ficção científica e «thrillers». O sexo, claro, esteve muitas vezes presente, com películas com versões «soft-core» e «hard-core» para distribuir consoante a permissividade dos mercados, e a exploração de géneros como o que envolvia freiras («nunsploitation») ou mulheres na prisão.

Entre os filmes que realizou, ficam na memória as adaptações que fez de obras do Marquês de Sade, e as fitas em que dirigiu
Christopher Lee, como «The Blood of Fu Manchu» (1968), «The Bloody Judge» (1970) e «Conde Drácula» (1970), uma adaptação invulgarmente fiel do livro de Bram Stoker. Importantes foram também fitas como «Necronomicon» (1968), «Vampyros Lesbos» (1971), «A Virgin Among the Living Dead» (1973) ou «Oasis of the Zombies» (1982).

Franco foi assistente de
Orson Welles na malograda rodagem de
«Don Quixote» em Espanha, e rodou em vários países da Europa, incluindo em Portugal, onde assinou «Cartas de uma Freira Portuguesa» (1977), adaptado das cartas de Mariana Alcoforado, um «soft-core» com Ana Zanatti, Vitor de Sousa, Nicolau Breyner, José Viana e um ainda desconhecido Herman José, quando ainda assinava o seu nome próprio de Herman Krippahl.