"Tróia" é um filme "estranho" na carreira de Brad Pitt: lançado em maio de 2004, quando já tinha 40 anos, colocava em grande destaque os atributos físicos, da musculatura aos abdominais e longos cabelos compridos.

Era como se o ator tivesse recuado dez anos, aos tempos de "Lendas de Paixão" ou "Entrevista com o Vampiro", e não tivesse entretanto feito filmes contra essa imagem como "Seven" ou "Clube de Combate".

Agora, Brad Pitt revelou que a desilusão com "Tróia" levou a uma mudança de paradigma na carreira.

Quando o jornalista David Marchese lhe fez a observação durante uma entrevista publicada na revista do Jornal The New York Times de que notou uma mudança real por volta de 2004, em que começou a trabalhar mais exclusivamente com realizadores de elevado calibre e, talvez por isso, o seu trabalho como ator tenha ganho uma nova profundidade, o ator não se podia ter mostrado mais de acordo.

"Fico contente que alguém tenha lido isso. A mudança foi mesmo com o 'Tróia'. Fiquei desiludido com isso", explicou.

O ator recordou que não faltaram pessoas a dar conselhos quando estava a tentar perceber o que queria fazer na carreira: quando um filme que ia fazer com os irmãos Coen acabou por cair, surgiu outra oportunidade interessante mas deixou-se convencer a fazer outra coisa, aceitando o conselho de que podia avançar mais tarde com o seu "projeto artístico".

Essa "outra coisa" ainda não era "Tróia", mas o que aconteceu a seguir fê-lo decidir que tinha de passar a seguir o seu "instinto": Pitt revelou pela primeira vez que fez o filme histórico porque desistiu de outro trabalho e tinha de fazer qualquer coisa para o estúdio.

Embora garanta que a experiência não foi "penosa", percebeu que a forma como a história estava a ser contada não alinhava com o pensava. Admitiu que também fez erros e a frustração por não perceber o que queria exprimir com Aquiles, a sua personagem.

Brad Pitt com Wolfgang Petersen

"Fiquei mimado ao trabalhar com David Fincher. Isto não é menosprezar o Wolfgang Petersen [o realizador de "Tróia"]. 'A Odisseia do Submarino 96' ["Das boot", 1981] é um dos melhores filmes de todos os tempos. Mas algures pelo meio, 'Tróia' tornou-se um tipo de coisa comercial. Cada plano era tipo 'aqui está o herói!'. Não havia mistério", esclareceu.

"Portanto, naquela época tomei a decisão de investir, à falta de melhor termo, em histórias de qualidade. Foi uma mudança distinta que levou à década seguinte de filmes", concluiu.

Em poucos anos a seguir a "Tróia", Brad Pitt fez "Babel" às ordens de Alejandro González Iñárritu e "O Assassínio de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford" com Andrew Dominik, além de "Destruir Depois de Ler", finalmente com os irmãos Coen.

Seguiram-se "Sacanas Sem Lei" com Tarantino, as nomeações para os Óscares no reencontro com David Fincher em "O Estranho Caso de Benjamin Button", e "Moneyball - Jogada de Risco", de Bennett Miller, e finalmente a estatueta como produtor de "12 Anos Escravo".

Já este ano, foi muito elogiado por "Ad Astra" e no regresso ao universo de Tarantino para "Era Uma Vez em... Hollywood", filme que muitos analistas prevêem que lhe vai valer o Óscar de Melhor Ator Secundário.

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