Os argumentistas de cinema e televisão abandonaram em maio as conversas por melhoras contratuais, que incluem aumentos salariais e definições sobre o uso da inteligência artificial, entre outras condições.

A greve do Sindicato dos Argumentistas dos Estados Unidos (WGA) paralisou inúmeras produções e tem custado milhões de dólares à indústria diariamente.

As incertezas em torno da indústria do entretenimento aumentaram no mês passado, quando o sindicato de atores SAG-Aftra se juntou com exigências semelhantes.

"A recusa a considerar de forma séria as propostas dos argumentistas levou esta greve do WGA aos 100 dias. É só um marco vergonhoso" para os estúdios, manifestou o sindicato à AFP nesta quarta-feira.

Os estúdios "são os responsáveis por esta paralisação de mais de três meses da indústria e pelo sofrimento que causou aos trabalhadores e a todos os que dependem deste negócio", criticou o WGA.

Os argumentistas e os representantes dos estúdios reuniram-se na última sexta-feira para discutir a reabertura das negociações, mas esse primeiro encontro não obteve resultados tangíveis. Horas depois da reunião, uma carta do WGA aos membros questionou a boa-fé dos estúdios, que responderam com uma declaração chamando a retórica dos argumentistas de lamentável.

"Esta greve atingiu milhares de pessoas nesta indústria e nós levamo-la muito a sério. O nosso único objetivo é levar as pessoas de volta ao trabalho", afirmaram os estúdios.

Argumentistas de Hollywood em greve
Argumentistas de Hollywood em greve

Os argumentistas alegam que os estúdios têm reduzido metodicamente seus salários há anos, e que o auge das plataformas de streaming, que não costumam revelar os números de espectadores, privou-os de grandes pagamentos quando criam sucessos mundiais.

Na linha de protesto em frente à sede da Netflix, o argumentista Charlie Kesslering chamou a greve de "luta existencial". "É sobre as carreiras que tanto amamos continuarem a ser carreiras e continuarem a ser viáveis como forma de ganhar a vida, principalmente numa cidade cara como Los Angeles, onde temos de morar se quisermos crescer neste negócio."

O diretor-executivo da Disney, Bob Iger, disse esta quinta-feira a investidores que estava "pessoalmente comprometido" a procurar "soluções para os assuntos que nos mantiveram em desacordo nos últimos meses".

Iger tornou-se alvo das manifestações após conceder uma entrevista, no mês passado, em que disse que as exigências não eram realistas. Hoje, adotou um tom mais conciliador, expressando "profundo respeito e apreço por todos aqueles que são vitais para a máquina criativa extraordinária que guia esta empresa e a nossa indústria".