Toda a gente sabia que
Michael Jackson, falecido recentemente de paragem cardíaca, nutria uma grande paixão pelo cinema, nomeadamente pelos filmes de
Walt Disney e pelos musicais da época dourada de Hollywood. A sua paixão pela versão Disney de
«Peter Pan» não era segredo para ninguém (embora ele tenha mais tarde apontado
«Pinóquio» como o seu filme favorito do cânone do estúdio do Rato Mickey) e ele recordou várias vezes como em criança costumava ensaiar com a irmã
Janet Jackson os números musicais que via nos filmes de
Fred Astaire.
Em 1977, já uma jovem estrela conhecida pelos seus sucessos na Motown, Michael Jackson foi convidado para participar no papel de Espantalho numa versão para cinema da peça musical de grande sucesso «The Wiz». Realizado pelo prestigiado
Sidney Lumet, produzido por
Rob Cohen e adaptado ao cinema por
Joel Schumacher, o filme, que em Portugal se chamou
«O Feiticeiro», era uma versão actualizada e musical de «O Feiticeiro de Oz», com um elenco totalmente afro-americano. Além de Jackson, a lista de talentos incluia
Diana Ross como Dorothy,
Richard Pryor como Feiticeiro,
Lena Horne como a Bruxa Boa e
Mabel King como a Bruxa Má. O filme foi um fracasso comercial, mas marcou a primeira colaboração entre Michael Jackson e o produtor e orquestrador
Quincy Jones.
Após essa primeira participação cinematográfica, Jackson voltou a trabalhar com grandes nomes do cinema na realização dos seus telediscos, muitas vezes pensados como mini-filmes, com grandes valores de produção. Assim,
John Landis realizou o mítico
«Thriller», com 13 minutos de duração, além de
«Black or White»;
Martin Scorsese dirigiu
«Bad», com 18 minutos;
John Singleton esteve atrás das câmaras de
«Remember the Time»;
David Fincher rodou
«Who is It»;
Spike Lee filmou
«They Don't Care About Us»; e o incontornável técnico de efeitos visuais
Stan Winston dirigiu o longuíssimo
«Ghost», um videoclip de média-metragem com 39 minutos.
A maioria desses telediscos utilizou toda uma vasta panóplia d técnicas cinematográficas, incluindo efeitos visuais e de caracterização de ponta e técnicas de montagem inovadoras.
Em 1988, Michael Jackson resolveu expandir o imaginário desses trabalhos para um filme de longa-metragem,
«O Passageiro da Lua», uma espécie de conjugação de telediscos sem enredo de ligação, alguns deles que serviriam de videoclips do álbum «Bad». Antes disso, em 1986, também tinha protagonizado «Captain Eo», um filme de meia hora, a três dimensões e realizado por
Francis Ford Coppola, para ser projectado exclusivamente nos parques Disneyland, dos quais ele sempre foi grande fã.
Nos últimos tempos, registou apenas duas aparições curtíssimas no cinema, em «cameos» de luxo nos filmes
«Homens de Negro II» e
«Miss Naufrágio».
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