Em breve agradecimento,
Miguel Gomes afirmou-se «um pouco confuso por receber um prémio de inovação, porque julgava que tinha feito um filme antiquado mas, se calhar, a confusão foi minha», disse.

Depois de dar os parabéns a
João Salaviza, que
acabava de ganhar o Urso de Ouro do festival na categoria de curtas-metragens com
«Rafa», Miguel Gomes fez ainda questão de prestar homenagem ao cinema português e a alguns dos seus realizadores, como
Pedro Costa ou
João César Monteiro.

«Nos últimos 50 anos, eles conseguiram fazer um cinema independente do poder político», sublinhou o cineasta luso.

O filme de Miguel Gomes já tinha vencido na sexta-feira o prémio da crítica - prémio FIPRESCI (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica), atribuído à margem do festival por um júri formado por críticos de cinema.

«Tabu», a saga a preto e branco sobre um amor louco passado em África, foi apresentado à imprensa na terça-feira em Berlim e aplaudido no final por mais de mil jornalistas, no Berlinale Palast.

«Tabu», que deverá ter estreia em Portugal em abril, conta no elenco com
Ana Moreira,
Carloto Cotta e
Teresa Madruga, entre outros.

Em «Tabu», Miguel Gomes conta, em «flashback» e a preto e branco, a história de Aurora, em duas partes marcadas por fortes contrastes (velhice/juventude, monotonia/aventura, cidade/selva).

A primeira parte do filme, intitulada «Paraíso Perdido», é passada em Lisboa, relata uma vida banal de três personagens, a idosa Aurora (Laura Soveral), a sua empregada africana, Santa (Isabel Cardoso) e Pilar (Teresa Madruga), uma vizinha empenhada em causas sociais, e termina com a morte de Aurora.

Na segunda parte, que dá pelo nome de «Paraíso», vemos então a jovem Aurora (Ana Moreira), filha de um colono português em África, dona de uma fazenda, mulher casada que trai o marido com o baterista de uma banda, cometer um assassínio, no auge da tragédia amorosa.

Durante esta segunda parte, os atores não falam, ouvindo-se apenas o narrador e a banda sonora, em jeito de homenagem de Miguel Gomes ao cinema mudo, principalmente a um dos seus grandes mestres, o alemão Friedrich Wilhelm Murnau.

O
Urso de Ouro do Festival de Berlim foi para «Cesare deve Morire» dos irmãos
Paolo e
Vittorio Taviani, e o
Urso de Prata - Prémio Especial do Júri foi para «Csak a szél», de Bence Fliegauf. O troféu de
Melhor Realizador foi para
Christian Petzold por «Barbara», o de
Melhor Ator para Mikkel Boe Følsgaard por «En Kongelig Affære» e o de
Melhor Atriz para Rachel Mwanza «Rebelle».

@Lusa