Piper Laurie, imortalizada pelo papel da mãe fanática religiosa na versão original de "Carrie" (1976), faleceu no sábado em Los Angeles, aos 91 anos.
Doente há algum tempo, a causa da morte não foi revelada pela sua agente Marion Rosenberg, que disse à CNN que seria recordada como "uma das maiores atrizes da sua geração e um grande ser humano".
Nascida como Rosetta Jacobs a 22 de janeiro de 1932, a carreira começou com um contrato com a Universal Studios em 1949, que lhe mudou o nome e a tornou uma revelação ao lado de Ronald Reagan em "Louisa" (1950), com quem namorou. Na sua autobiografia "Learning to Live Out Loud" (2011), a atriz alega que perdeu a virgindade com o futuro presidente dos EUA.
Seguiram-se outros projetos, mas desiludida com a qualidade dos papéis, negociou o fim do contrato com a Universal, teve uma importante participação secundária no filme "Famintas de Amor" (1957), de Robert Wise, com Jean Simmons, Paul Newman e Joan Fontaine, antes de partir para Nova Iorque para estudar representação e trabalhar em teatro e televisão.
Vista pelo realizador Robert Rossen a trabalhar no Actors Studio, aceitou regressar a Hollywood para ser Sarah Packard, a namorada desiludida e alcoólica do autodestrutivo jogador de snooker Eddie Felson (Paul Newman) em "A Vida é um Jogo" (1961).
O papel valeu-lhe a primeira nomeação para os Óscares, na categoria de Melhor Atriz, mas não lhe abriu as portas da indústria e retirou-se informalmente da carreira após casar com o crítico de cinema Joe Morgenstern e formar uma família com a adoção de uma filha. O casal divorciou-se em 1982.
Passaram mais 15 anos até ao filme seguinte, mas o papel da fanática Margaret White e o sucesso comercial de "Carrie" (1976) relançaram a carreira: foi a segunda nomeação para as estatuetas douradas, como atriz secundária.
Em 1979, entrou no filme australiano "Tim - Anjos de Aço", sobre um jovem de 24 anos com um ligeiro atraso mental (um Mel Gibson ainda antes da estreia do primeiro "Mad Max", contratado apenas baseado apenas nos ecos da sua interpretação) que começa a trabalhar como jardineiro para uma mulher americana de meia idade (Laurie), numa amizade que evolui para um amor que vai enfrentar muitos preconceitos
A terceira e última entrada aos Óscares foi como a mãe arrependida da personagem de Marlee Matlin em "Filhos de um Deus Menor" (1986).
Já no pequeno ecrã, o seu talento foi recompensado com um Emmy pelo telefilme "Promise" (1986) e um Globo de Ouro pela presença mais memorável como a conspiradora Catherine Martell na série de culto "Twin Peaks" (1990-1991).
Pelo meio, não faltaram as inevitáveis participações como convidada em episódios de"Serviço de Urgência" (como a mãe da personagem de George Clooney), "Frasier", "Will & Grace", "Casos Arquivados" ou "Lei & Ordem: Unidade Especial".
Piper Laurie, que também era escultora, teve os momentos mais interessantes da fase final da carreira nas produções independentes "A Rapariga Morta" (2006), protagonizada por Toni Collette, em mais um papel de mãe cruel; "Hounddog" (2007), como a avó de Dakota Fanning; “Hesher Esteve Aqui", com Joseph Gordon-Levitt; e "White Boy Rick" (2018), com Matthew McConaughey.
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