A caminho dos
Óscares 2025
O escândalo que envolve "Emília Pérez" por causa do conteúdo das mensagens antigas nas redes sociais da sua protagonista, Karla Sofía Gascón, fez desaparecer aquela que foi a primeira polémica mais a sério da temporada de prémios: o uso da Inteligência Artificial (IA) em "O Brutalista".
Em plena semana da revelação das nomeações (23 de janeiro), o montador Dávid Jancsó revelou que a IA foi usada para aperfeiçoar a autenticidade dos sotaques húngaros dos atores Adrien Brody e Felicity Jones e criar uma 'série de desenhos arquitetónicos e edifícios acabados' que aparecem na sequência final do épico com três horas e 35 minutos (15 minutos de intervalo incluídos) nomeado para dez Óscares sobre um arquiteto judeu húngaro que sobrevive ao Holocausto e emigra para os EUA.
No caso dos atores, estes gravaram as suas vozes para um software chamado Respeecher e o próprio Dávid Jancsó fez o mesmo para aperfeiçoar o processo para superar a dificuldade com as vogais de certas palavras em húngaro,
A controvérsia levou o realizador Brady Corbet a ter de vir a público no comunicado a clarificar o uso da IA: “As interpretações do Adrien e da Felicity são completamente deles. Trabalharam durante meses com a treinadora de dialetos Tanera Marshall para aperfeiçoar os seus sotaques. (...) Nada na língua inglesa foi alterado. Este foi um processo manual, feito pela nossa equipa de som e pela Respeecher na pós-produção. O objetivo era preservar a autenticidade das interpretações do Adrien e Felicity noutro idioma, não substituí-las ou alterá-las e tudo isso com o máximo respeito pela arte.”
Brody, visto como o favorito para voltar a ganhar a estatueta dourada para Melhor Ator, 22 anos depois do feito com "O Pianista", acha que o tema foi tirado do contexto.
“Percebo que vivemos numa época em que basta mencionar a IA para despertar a controvérsia. Vivemos numa época em que, infelizmente, as coisas podem ser facilmente desvirtuadas na Internet e só gostaria que as pessoas tivessem mais compreensão do contexto e dos factos das circunstâncias”, disse agora ao podcast “Little Gold Men”, da revista Vanity Fair.
E acrescentou: “Fico contente que o Brady tenha conseguido esclarecer muitas coisas nas suas declarações. Em primeiro lugar, sou filho de húngaros e cresci com esta língua a ser falada em casa. Na verdade, até integrei, nos diálogos húngaros, palavrões que não estavam no argumento. Obviamente, o seu processo de pós-produção tocou apenas em alguns diálogos falados em húngaro. Nada do dialeto foi alterado; isso foi tudo feito através de bastante trabalho com a nossa maravilhosa treinadora de dialetos, a Tanera Marshall.”
“O Brady é um cineasta muito sensível e ponderado. Não houve nenhuma tecnologia implementada que tirasse trabalho das pessoas. É um processo de pós-produção bastante típico. Acho que todos sabemos a verdade.”, concluiu.
Felicity Jones também desvalorizou o tema na sua nova entrevista de campanha, dizendo ao Deadline que a IA 'é obviamente um elemento de pós-produção e isso é uma prerrogativa do realizador'.
E aprofundou: 'Enquanto atores, temos de fazer tudo ao nosso alcance para nos prepararmos e trabalharmos incansavelmente. O Adrien e eu trabalhámos com uma brilhante treinadora de dialetos, a Tanera Marshall, e grande parte do foco é encontrar a voz da personagem. O Guy [Pearce] também falou sobre isso. Qual é a cadência? Como faço para que esta pessoa pareça tão credível quanto possível? Isso é o que está sob o nosso controlo enquanto atores."
A 97.ª edição dos Óscares está marcada para 2 de março de 2025, em Los Angeles, Califórnia, com apresentação de Conan O’Brien.
VEJA O TRAILER DE "O BRUTALISTA".
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