A caminho dos
Óscares 2018
As perguntas foram cinco, sempre iguais para todos. Quem vai ser o grande vencedor e quem é que não pode deixar de receber um Óscar, sem esquecer a discussão em redor das paixões e ódios gerados por "Get Out" ou como a revelação dos escândalos sexuais e o movimento #MeToo irão afetar a cerimónia.
Os nossos convidados, todos ligados ao cinema pela profissão, não tiveram papas na língua. Mário Augusto, Rui Pedro Tendinha, Vítor Moura e Maria João Rosa, alguns dos jornalistas de cinema mais conhecidos do pequeno ecrã, coincidiram em muitas das apostas sobre os principais troféus do grande ecrã. O argumentista Tiago R. Santos e o multifacetado Filipe Melo (cujos talentos atravessam a música, a BD e o cinema) também concordaram na opinião sobre o fenómeno “Get Out” e sublinharam a ausência do mesmo filme na lista dos principais nomeados. E todos eles, claro, têm uma opinião muito concreta sobre o fenómeno #MeToo.
Quem vai ser o grande vencedor dos Óscares?
Mário Augusto: Nas categorias principais, como Melhor Filme, ganhará o “Três Cartazes à Beira da Estrada”, Melhor Realizador será o Guillermo del Toro por “A Forma da Água”, Melhor Ator o Gary Oldman por “A Hora Mais Negra” e Melhor Atriz a Frances McDormand, pelo “Três Cartazes à Beira da Estrada”.
Maria João Rosa: Depois do que aconteceu na cerimónia do ano passado, é difícil ter uma aposta segura e este ano a corrida volta a ser renhida. "A Forma da Água" tem tudo para ser o vencedor dos dois maiores prémios da noite. Acho que ninguém tira o Óscar de Melhor Realizador a Guillermo del Toro (que já tem o prémio DGA, do sindicato dos realizadores, além do Globo de Ouro e do Bafta). A grande dúvida é se também ganha o Óscar de Melhor Filme. "Três Cartazes à Beira da Estrada" merece-o talvez mais (embora saibamos bem que isso não quer dizer nada) e tem vindo a crescer como favorito depois das vitórias nos Globos de Ouro e, agora também, nos Bafta. Mas, se tiver de apostar, direi que o filme de Martin McDonagh vai ser sobretudo reconhecido nas categorias de interpretação (Melhor Atriz e Melhor Ator Secundário estão no papo para Frances McDormand e Sam Rockwell) e talvez ainda na de Melhor Argumento Original. Irá provavelmente ter tantos ou mais Óscares nas chamadas categorias principais que "A Forma da Água", mas "Três Cartazes à Beira da Estrada" pode sofrer com a vaga de protestos de que tem sido alvo recentemente, que acusam o filme de desculpabilizar o racismo. E este tipo de campanhas morais tem muito peso, sobretudo no momento que se vive actualmente em Hollywood. Isso pode custar-lhe a estatueta de Melhor Filme. Ou então, isto pode ir tudo ao ar e ganha o "Get Out"!
Rui Pedro Tendinha: Acho que este ano vamos assistir a uma grande divisão. Ou seja, “A Forma da Água” vai ganhar muitos Óscares mas depois aqueles Óscares mais sonantes, no campo dos atores ou no de Melhor Filme, poderão ir parar ao “Três Cartazes à Beira da Estrada”.
Filipe Melo: Se tenho de lançar um palpite, parece-me que direi o "Três Cartazes à Beira da Estrada”: parece-me o mais consensual. Há filmes muito bons e muito diferentes, é muito difícil prever.
Tiago R. Santos: Estou convencido que será um empate (ou muito perto disso) entre o “Três Cartazes à Beira da Estrada” e “A Forma da Água”. É curioso, porque sendo ambos os favoritos, têm sido também os mais atacados por razões diferentes: O filme do Martin McDonagh por questões raciais; Guillermo Del Toro foi inclusive acusado de plágio. Mas estou convencido que isso não irá afectar o resultado final até porque ambos representam questões que a Academia irá querer recompensar: “Três Cartazes à Beira da Estrada” é a história de uma mulher forte e independente que exige justiça (o que não poderia ser mais actual) e “A Forma da Água” é uma carta de amor ao cinema (o que não poderia ser mais eterno).
Vítor Moura: Tudo parece inclinado para a vitória, ainda que relativa, do líder das nomeações que é “A Forma da Água”. O reconhecimento da mais recente fantasia de Guillermo Del Toro começou logo na estreia mundial no Festival de Veneza com a conquista do Leão de Ouro. Em menos de seis meses, seguiram-se mais de 80 distinções e, entre elas, estão os prémios dos sindicatos dos Produtores e dos Realizadores que, normalmente, coincidem com os Óscares de Melhor Filme e Melhor Realizador; nos últimos dez anos, a Academia de Hollywood só decidiu em sentido diferente por duas vezes. Nas interpretações, Sally Hawkins está nomeada para Melhor Atriz, os secundários Richard Jenkins e Octavia Spencer também estão na lista mas, embora todos sejam claramente talentosos, nenhum dos três parece ter o Óscar garantido. E o mesmo se aplica aos nomeados nas outras categorias, nomeadamente as mais técnicas que são sempre mais imprevisíveis. Mesmo assim, só a nomeação já é uma vitória, como muito bem reconheceram Luís Sequeira e Nelson Ferreira, dois luso-descendentes nomeados com «A Forma da Água» para os Óscares de Melhor Guarda-Roupa e Melhor Som, respetivamente.
Veja aqui a lista completa das nomeações aos Óscares.
Qual o Óscar que querias mesmo ver entregue este ano?
Mário Augusto: Um Óscar para o Paul Thomas Anderson, nomeado para Melhor Realizador e Melhor Filme. Para mim, ele é um dos melhores realizadores americanos e o “Linha Fantasma” é um dos melhores filmes do ano.
Maria João Rosa: Apesar de ter gostado muito tanto de "A Forma da Água" como de "Três Cartazes à Beira da Estrada" e achar que a qualquer um deles o Óscar de Melhor Filme é bem entregue, adorei o "Chama-me Pelo Teu Nome". Tocou-me de forma sentimental e isso, hoje em dia, é raro. Por isso, adorava que o fabuloso tema de Sufjan Stevens, "Mystery of Love", ganhasse o Óscar de Melhor Canção (embora isso seja improvável) e que o precoce Timothée Chalamet - de apenas 22 anos! - fosse o Melhor Ator (igualmente improvável), mas se o filme não ganhar o prémio de Melhor Argumento Adaptado é muito injusto. E também gostava muito que "O Quadrado" fosse o Melhor Filme Estrangeiro.
Rui Pedro Tendinha: Queria que o Óscar de Melhor Filme fosse entregue ao “Linha Fantasma”, uma fantasia lusitana minha…
Filipe Melo: O filme de que mais gostei foi mesmo o "Linha Fantasma". Achei uma obra-prima, e ficava contente se ganhasse, mas conheço muita gente que não gostou especialmente.
Tiago R. Santos: Apesar de toda a minha simpatia por Gary Oldman, que deverá vencer o Óscar de Melhor Actor, gostava que fosse o Daniel Day-Lewis a subir ao palco. Porque adoro o “Linha Fantasma”, claro, mas também porque, confirmando-se que este é o último papel da carreira do actor Inglês (e eu acredito que sim, quando Day-Lewis abandonou o palco a meio do “Hamlet”, nunca mais lá voltou), então o homem merece um último reconhecimento pelos extraordinários serviços prestados ao Cinema.
Vítor Moura: É sempre mais fácil apontar a justiça ou injustiça dos Óscares nas chamadas categorias principais porque é nelas que estão os atores, produtores e realizadores que mais depressa reconhecemos como estrelas do Cinema. Acontece que, a trabalhar com essas estrelas nos filmes que nos levam às salas, há sempre muitos outros profissionais que também são grandes referências nos respetivos ofícios. Para todos eles, há Óscares técnicos e algumas histórias inacreditáveis. Veja-se o caso de Roger Deakins, um mestre da Fotografia, que conseguiu, este ano, a 14ª nomeação com “Blade Runner 2049” mas nunca ganhou. Falhou à primeira com “Os Condenados de Shawshank”, em 1995; voltou a falhar com “Fargo” (1997), “Kundun” (1998), “Irmão, Onde Estás?” (2001) e “O Barbeiro” (2002). Em 2008, “Este País não é para Velhos” foi consagrado com o Óscar de Melhor Filme mas Deakins ficou outra vez pelo caminho. E a história repetiu-se nesse mesmo ano com “O Assassínio de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford” e, depois, outra vez com “O Leitor” (2009), «Indomável» (2011), “Skyfall” (2013), “Raptadas” (2014), “Invencível” (2015) e “Sicário” (2016). Será desta? Seria mais do que merecido.
Que filme não está nomeado e gostavas que estivesse?
Mário Augusto: O “Derradeira Viagem” e especialmente o Steve Carell, como Melhor Ator. É incrível o filme não fazer parte da lista dos principais nomeados. Também me surpreende que o “Amor de Improviso” quase não esteja nomeado, tanto como Melhor Filme como para Melhor Atriz Secundária, pela Holly Hunter claro...
Maria João Rosa: Posso dizer dois? São dois filmes que vi em Cannes e que acho incrível não terem tido nenhuma nomeação da Academia de Hollywood. O "Wind River", em que o argumentista Taylor Sheridan se estreou na realização, tem um argumento poderoso e, para mim, está entre os melhores filmes de 2017. O mesmo se aplica a "O Sacrifício de Um Cervo Sagrado", de Yorgos Lanthimos, uma verdadeira pedrada no charco de terror psicológico (talvez demais para o gosto dos americanos) com Nicole Kidman e Colin Farrell em papéis surpreendentes. Outro dos grandes filmes do ano passado.
Rui Pedro Tendinha: O “São Jorge”, do Marco Martins, para Melhor Filme Estrangeiro. Mais uma vez não tivemos pujança para fazer lobby para um belo filme português.
Filipe Melo: O “The Florida Project” - parece-me um filme muito mais especial do que qualquer um dos nomeados. Outro dos filmes esquecido, o "Detroit", tinha um garoto que fazia de polícia mau [Will Poulter] que devia estar nomeado para Melhor Ator Secundário.
Tiago R. Santos: Tenho alguns, na verdade. O “The Florida Project”, que é magnífico e já é altura da sensibilidade única de Sean Baker começar a ser reconhecida. Acrescentaria também o “A Ghost Story”, do David Lowery, que achei sublime e profundo e uma inspiração, considerando que é um pequeno filme produzido por 100 mil dólares.
Vítor Moura: “As Estrelas não Morrem em Liverpool” é uma das omissões mais gritantes na lista dos nomeados para a edição deste ano, desde logo por causa de Annette Bening. A encarnação da também atriz Gloria Grahame na fase descendente da sua carreira é um dos papéis mais desafiantes e consistentes que Bening já interpretou. Ignorá-la nas nomeações para o Óscar de Melhor Atriz é simplesmente uma injustiça. Também surpreendente foi a indiferença da Academia de Hollywood quanto ao Argumento Adaptado deste mesmo filme que está entre os melhores do ano. Mas só mesmo para a Academia Britânica nas nomeações para os BAFTA.
"Foge" é a carta fora do baralho deste ano. As nomeações são merecidas?
Mário Augusto: As nomeações, quer queiramos quer não, obedecem a uma lógica de mercado e a influências de bastidores dos produtores e estúdios. Há, sem dúvida, alguns filmes e nomes esquecidos. Desde logo a Jessica Chastain, pelo “Jogo da Alta-Roda”, mas há outros que gostava de lá ver nessa lista. Mas é Hollywood. Há muitas tendências e situações de politicamente correto para cumprir com cotas. Aqueles nomeados são os melhores aos olhos de uma norma e nem sempre são os melhores dos melhores.
Maria João Rosa: Acho que sim, quanto mais não seja por ser um tipo de filme que habitualmente não recebe nomeações, a meu ver, injustamente. Faz parte do tal género do terror psicológico, que costuma ser subestimado, mas pode ser muito inteligente; foi um grande sucesso de bilheteiras nos Estados Unidos, sem ser uma mega produção; toca na questão racial de forma invulgar. Pode bem ser a grande surpresa em certas categorias, na noite dos Óscares.
Rui Pedro Tendinha: As nomeações são mais que merecidas. O “Get Out” é muito bom, mas o “Fragmentado”, do M.Night Shyamalan é genial e não está na corrida. Só que não teve o apoio dos críticos e isso é muito importante.
Filipe Melo: O "Foge" é um filme divertido, muito bem feito, mas não fiquei completamente rendido. Atenção: é mesmo uma questão de gosto pessoal. Pareceu-me uma espécie de episódio do “Black Mirror” estendido, em que a dado momento as personagens não me parecem pessoas reais. Gostei muito de ver, mas... melhor filme... er... calma lá.
Tiago R. Santos: Vi o filme quando estreou em Maio e a minha primeira reacção foi “ok, isto é giro e está muito bem feito, mas também não é caso para tanta euforia”. Mas fui seguindo as incríveis reacções que o filme provocou e, já depois das nomeações, assisti ao “Get Out” pela segunda vez. E admito que a minha opinião se tornou mais entusiasta. Talvez porque já não tinha essa expectativa às costas, ficou ainda mais claro que o Jordan Peele demonstra uma enorme habilidade em subverter as convenções do género enquanto explora importantes questões raciais. Por isso, parece-me merecido que a Academia reconheça o fenómeno e apoie também a representatividade que o filme simboliza. Mesmo se não é um dos melhores filmes do ano. Mas o “The Post” e o “Dunkirk” também não o são, nem sequer o “Lady Bird”.
Vítor Moura: A questão do mérito é sempre discutível. Hoje, como sempre, as nomeações da Academia de Hollywood são questionáveis na medida em que propõem, de forma subjetiva, a eleição dos melhores do ano em mais de duas dezenas de categorias. O caso de “Get Out” é surpreendente desde logo porque todas as nomeações que recebeu recaem sobre dois talentos nunca antes nomeados. Daniel Kaluuya é um dos candidatos a Melhor Ator. Jordan Peele está na lista para Melhor Filme como produtor e também está nomeado para Melhor Realizador e Melhor Argumento; é, aliás, o primeiro afro-americano a conseguir três nomeações simultâneas e o quinto a entrar no lote de candidatos a Melhor Realizador. Igualmente surpreendente é ver um filme como este entre os melhores do ano porque conta uma história de terror, um género pouco apreciado pela Academia. Acontece que, para além do terror, há no argumento uma questão racial que é tudo menos um detalhe numa altura em que a diversidade é um ponto de honra no Cinema. E até pode ser um sucesso comercial, e numa escala global, como demonstra a estreia do primeiro filme do “Black Panther” em nome próprio; por coincidência, entre os secundários, está o mesmo Daniel Kaluuya de “Get Out”.
O movimento #MeToo é uma tema incontornável da cerimónia deste ano. Como achas que vai ser abordado na cerimónia? Faz sentido o debate ter esta dimensão ou há exageros?
Mário Augusto: Sentido faz sempre, porque a denuncia do qualquer tipo de abuso é sempre uma forma de trazer para a discussão pública aquilo que não está bem. Na América, são muitos os exageros e peca-se sempre por generalizar, e acredito que haja ali também algumas “vingançazinhas” de alcova para ajustes de contas. Na verdade, desde os tempos do cinema mudo, sempre foi recorrente em Hollywood o tema da exploração sexual e dos múltiplos abusos das posições de poder. Charlie Chaplin, Fatty Arbuckle, Roman Polansky... são tantos os casos que fizeram correr tinta, com exageros e abusos. Deve saber-se distinguir cada caso e julgar quem abusou. O tema não vai faltar na cerimónia, e com tanto “diz que disse” também não faltam os puros da aldeia do “glamour” a tentarem esconder o pó debaixo do tapete.
Maria João Rosa: Vai ser abordado da mesma forma que tem sido noutras cerimónias desta temporada: vestidos pretos e discursos inspiracionais. Não haverá grandes surpresas aí. Quanto ao resto: Todos os movimentos sociais, morais/éticos e até políticos nos Estados Unidos acabam sempre em exageros. Dito isto, acho que o risco de alguma caça às bruxas e a clara instrumentalização que Hollywood já está a fazer da polémica são, ainda assim, um preço baixo a pagar pela mudança que daqui pode advir. O assédio e o abuso sexual são algo demasiado grave. E, quando envolvem abusos de poder sobre alguém mais vulnerável, têm permanecido impunes na grande maioria dos casos. Até agora. Não sei até que ponto isto vai mudar as coisas a longo prazo, mas espero que mude o mais possível. Se acabar com algumas carreiras de grandes artistas, é realmente uma pena. Mas talvez assim os grandes artistas do futuro passem a ser também grandes pessoas.
Rui Pedro Tendinha: O #MeToo vai ser abordado com humor. É importante que se continue a falar do temas mas sobretudo o #MeToo está a prejudicar um pouco o meio do cinema porque Hollywood está a ficar de repente mais papista que o papa e isso é perigoso. Creio que o #MeToo é capaz de explodir na mão de quem o está a promover.
Filipe Melo: O movimento #Metoo é um tema incontornável, ponto final. Não sei se há exageros ou não, numa revolução acontecem muitas coisas, umas justas, outras menos. Mas acho isto tudo muito importante e tudo faz sentido. As coisas têm de mudar e este é o momento em que algo está, de facto, a mudar para melhor. É uma discussão importante, e que se estava a adiar há muitos anos.
Tiago R. Santos: Acho que vai ser abordado da mesma forma que nas outras cerimónias – seja nos Globos de Ouro ou nos BAFTA: haverá iniciativas concertadas de apoio ao movimento, imagino que várias nomeadas levarão activistas politicas como convidadas, etc. Também estou certo que a questão estará presente no monólogo do Jimmy Kimmel e nos mais variados discursos de agradecimento. Porque não poderia ser de outra forma. É um debate que não só revelou uma misoginia sistémica, uma perversa cultura de abusos de poder que se traduziram numa enorme lista de agressores sexuais, como tornou fundamental enfrentar as bestas e limpar a casa. É uma revolução que não pode ser ignorada. Ou seja, a dimensão do debate faz sentido e é justa. Se alguma coisa cai no exagero, é a velocidade das sentenças e a tentação de colocar todos no mesmo saco. Cada crime deve ter um castigo proporcional às ofensas cometidas.
Vítor Moura: Depois do que vimos na festa dos BAFTA, no arranque do Festival de Berlim e na noite dos Globos de Ouro, é de esperar que o preto também seja a cor dominante na passadeira vermelha dos Óscares. O protesto simbólico contra o assédio sexual na indústria do Cinema deverá estender-se entretanto não só à apresentação de Jimmy Kimmel mas também e sobretudo a muitos dos agradecimentos da noite. Ninguém espera que Frances McDormand se limite a elogiar o realizador e o resto do elenco de “Três Cartazes À Beira da Estrada” quando receber o Óscar de Melhor Atriz, por exemplo. O debate ainda é recente, faz todo o sentido mas é suscetível de se tornar numa autêntica "caça às bruxas". Obviamente que é fundamental que as vítimas sejam ouvidas e que os processos corram nos tribunais o quanto antes mas, para não se cometerem mais injustiças, é bom que haja provas para cada acusação. E, já agora, é bom que haja bom senso na hora de julgar os abusadores do ponto de vista artístico. Substituir alguém num filme quase pronto a estrear, como aconteceu a Kevin Spacey em “Todo o Dinheiro do Mundo”, é ridículo e também hipócrita porque a razão da substituição, mais do que moral, foi comercial. Se Hollywood levasse à letra o saneamento de todos os abusadores sexuais ou outros desde os primórdios do Cinema, quantos filmes seria preciso refazer?
Créditos: da esquerda para a direita, em cima: Rui Pedro Tendinha, Tiago R. Santos (foto: Teresa Tavares), Vítor Moura (foto: Cinebox). Em baixo: Filipe Melo (foto: Vitorino Coragem), Mário Augusto (foto: RTP Comunicação) e Maria João Rosa.
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