A caminho dos
Óscares 2019
Kathleen Kennedy, atual presidente da Lucasfilm (responsável pela saga "Star Wars"), cujos rumores de demissão persistem em Hollywood desde o fracasso comercial do recente "Han Solo", recebeu um forte apoio da comunidade: a Academia decidiu atribuir o raro prémio honorário Irving G. Thalberg, que distingue produtores, à dupla que ela forma com o marido Frank Marshall. Será a primeira mulher a receber o Thalberg desde a criação do prémio em 1937.
Já a atriz Cicely Tyson, o compositor Lalo Schifrin e o publicitário Marvin Levy vão receber Óscares honorários.
As escolhas foram anunciadas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas esta quarta-feira à noite.
"Este ano, a seleção de cinco artistas icónicos foi feita por aclamação universal por parte dos 54 enérgicos membros" do Conselho de Governadores, disse o presidente da Academia, John Bailey, citado em comunicado.
Em nome da equipa, Frank Marshall já agradeceu a honra nas redes sociais.
Cicely Tyson, com 93 anos, foi nomeada para o Óscar de Melhor Atriz por "Esperança" (1972), de Martin Ritt, no papel da filha de um trabalhador negro de uma plantação do sul dos EUA.
Estreou-se no cinema, num papel secundário em "Homens no Escuro", de Robert Wise, numa altura em que se afirmou como uma das primeiras modelos afro-americanas do seu país. "Um Coração Solitário", "The River Niger" (1976), "Mulheres do Sul" (1991) e "As Serviçais" (2011) são outros títulos significativos no cinema de uma atriz que teve uma carreira ainda mais importante no teatro e televisão (entrou, por exemplo, na lendária minissérie "Raízes" e, mais recentemente, em episódios de "House of Cards" e "Como Defender Um Assassino").
O compositor argentino Lalo Schifrin, que estudou música clássica e jazz na França, e começou a compor para o cinema em Buenos Aires em meados da década de 1950, será sempre recordado pelo tema da série "Missão: Impossível" criado nos anos 60, tão memorável que permaneceu com naturalidade quando chegou o primeiro filme com Tom Cruise em 1996 e as cinco sequelas.
No cinema, foi responsável pelas bandas sonoras de mais de 100 filmes, incluindo "O Aventureiro de Cincinnati" (1965), "Bullitt" (1968), "Dirty Harry" (1971), "O Dragão Ataca" (1973) e "Hora de Ponta" (1998), além dos seis que lhe valeram nomeações para os Óscares competitivos que sempre lhe fugiram: "O Presidiário" (1967), "A Raposa" (1967), "A Viagem dos Malditos" (1976), "Amityville - A Mansão do Diabo" (1979), "A Golpada - Parte II" (1983) e a canção "People Alone" de "Um Amor em Competição" (1980).
Marvin Levy será o primeiro publicitário a receber um Óscar honorário e a sua carreira começou pelo estúdio MGM antes seguir para a Columbia Pictures, onde foi responsável pelas campanhas publicitárias de títulos como "O Abismo" (1977) e "Kramer Contra Kramer" (1979).
Foi o seu trabalho para "Encontros Imediatos do Terceiro Grau" (1977) que marcou o início de uma relação já com quatro décadas com Steven Spielberg, passando pela Amblin Entertainment e DreamWorks. Esteve envolvido nas campanhas para filmes como "E.T." (1982), "Regresso ao Futuro" (1985), "Quem Tramou Roger Rabbit?" (1988), "A Lista de Schindler" (1993), "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), "Beleza Americana" (1999), "Gladiador" (2000) e "Lincoln" (2012).
Spielberg também tem muito em comum com Kathleen Kennedy e o marido Frank Marshall, os galardoados com o prémio Irving G. Thalberg, que não é uma estatueta do Óscar mas um busto, destinado a produtores cuja carreira se destaca pela "qualidade elevada consistente" e que não é atribuído todos os anos (o último foi em 2010, a Francis Ford Coppola).
Esta equipa trabalhou em vários filmes do realizador e foram co-fundadores da Amblin, mas a produtora The Kennedy/Marshall Company começou formalmente em 1992 e conseguiu nomeações para o Óscar de Melhor Filme com "O Sexto Sentido" (1999), "Nascido para Ganhar" (2003), "Munique" (2005) e "O Estranho Caso de Benjamin Button" (2008). Os cinco filmes da saga "Jason Bourne" (2002-2016), "Sinais" (2002), "Persépolis" (2007), "O Escafandro e a Borboleta" (2007) e "Milagre no Rio Hudson" (2016) são outros títulos de prestígio.
Antes disso, os dois partilharam a nomeação por "A Cor Púrpura" (1985), enquanto Marshall foi também nomeado por "Os Salteadores da Arca Perdida" (1981) e Kennedy por "E.T." (1982), "Cavalo de Guerra" (2011) e "Lincoln" (2012).
Todas as homenagens serão feitas no 10º Governors Awards, uma cerimónia mais informal sem transmissão televisiva (excertos são divulgados posteriormente) que existe desde 2009 para onde foram transferidos esses prémios antes entregues durante a própria cerimónia de entrega dos Óscares.
Este ano, o evento será a 18 de novembro, euquando a 92ª cerimónia está marcada para 24 de fevereiro de 2019.
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