Numa altura de crescente expectativa sobre quem interpretará o próximo agente 007, os produtores dos filmes "James Bond" estão entre os que serão homenageados na 15.ª cerimónia dos Governors Awards a 17 de novembro em Los Angeles, anunciou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas esta quarta-feira.

Os prémios dos Óscares honorários, como são popularmente conhecidos, são um reconhecimento por conquistas de toda uma carreira.

Os meio-irmãos Barbara Broccoli (63 anos) e Michael G. Wilson (82 anos) vão receber o prémio Irving G. Thalberg (a estatueta é o busto do lendário produtor de Hollywood dos anos 1930), como 'um registo do seu sucesso como produtores da saga Bond, que está entre as favoritas dos fãs, e a sua contribuição para a indústria do cinema", declarou a presidente da Academia, Janet Yang, em comunicado.

Instituído em 1937, este prémio não é atribuído todos os anos e após 39 homenageados, Barbara Broccoli será apenas a segunda mulher depois de Kathleen Kennedy, em 2018.

A dupla está à frente da famosa saga desde "007 - GoldenEye" (1995), após recebê-la das mãos do pai de Broccoli, Albert, produtor desde o primeiro filme, em 1962, e que recebeu o mesmo prémio em 1981.

Supervisionaram alguns dos filmes de maior sucesso da saga, incluindo "007 - Operação Skyfall" (2012), com Daniel Craig no papel do sedutor espião britânico, que atingiu os mil milhões de dólares nas bilheteiras.

A homenagem ocorre num momento crucial: a última aparição de Bond no cinema, "007 - Sem Tempo para Morrer" (2021), foi também a última vez de Craig no papel do espião, e o seu substituto ainda não foi anunciado.

Quincy Jones

A 15.ª cerimónia dos Governor Awards será apenas a segunda em que nenhum ator surge na lista de homenageados.

Com 91 anos, Quincy Jones vai receber um Óscar honorário que valoriza uma carreira em que foi nomeado sete vezes para as estatuetas douradas competitivas, incluindo a primeira vez para um compositor negro na categoria de Melhor Canção pelo tema 'The Eyes Of Love', do filme "Um Homem em Leilão" (1967).

Indissociável produtor dos álbuns "Off the Wall", "Thriller" e "Bad" no mundo da música, Jones colaborou com nomes como Frank Sinatra, Steven Spielberg, Oprah Winfrey ou Michael Jackson em filmes como "O Agiota" (1964), o Óscar de Melhor Filme "No Calor da Noite" (1967), "A Sangue Frio" (1967), "Um Golpe em Itália" (1969), "Bob, Carol, Ted e Alice" (1969), "A Flor do Cacto" (1969), "A Sorte Viajou de Barco" (1970), "O Dossier Anderson" (1971), "Tiro de Escape" (1972), "O Feiticeiro" (1978), "Get Rich or Die Tryin' - Vencer ou Morrer" (2005) e as duas versões de "A Cor Púrpura" (1985 e 2023).

Em 1994, Jones também recebeu da Academia o prémio humanitário Jean Hersholt (cujo galardão também é um Óscar), que é a homenagem anunciada para Richard Curtis, de 67 anos, que foi nomeado para o Óscar pelo argumento de "Quatro Casamentos e um Funeral" (1994), a que se seguiu a autoria de outras comédias românticas incontornáveis como "Notting Hill" (1998) e "O Diário de Bridget Jones" (2001), antes de escrever e realizar "O Amor Acontece" (2003).

Richard Curtis com a esposa Emma Freud

Apesar da carreira no cinema, o britânico será homenageado pelo trabalho humanitário enquanto co-fundador em 1985 da Comic Relief, uma organização que 'usa o riso para combater a miséria' e já ajudou a angariar mais de dois mil milhões de dólares para apoiar mais de 170 milhões de pessoas.

Poucos meses após anunciar uma nova categoria competitiva para Melhor Casting (elenco) a partir da cerimónia de 2026, a Academia reserva um Óscar honorário para Juliet Taylor, 78 anos, precisamente uma lendária diretora de casting e que deu os primeiro passos com a pioneira Marion Dougherty (1923-2011).

Juliet Taylor

A primeira a conseguir colocar num filme uma jovem sensação de Nova Iorque, formada na Escola de Drama de Yale e com vários espetáculos 'off-Broadway', chamada Meryl Streep, várias gerações de espectadores encontram o seu nome desde a década de 1970 nos genéricos de filmes de Spielberg, Mike Nichols, Alan Parker, Louis Malle ou Stephen Frears, ligada à seleção de atores para títulos como "O Exorcista" (1973), "Escândalo na TV" (1976), "Taxi Driver" (1976), "Paragem no Bairro Boémio" (1976), "Encontros Imediatos do Terceiro Grau" (1977), "Julia" (1977), "Arthur, o Alegre Conquistador" (1981), "Depois do Amor" (1982), "Laços de Ternura" (1983), "A Missão" (1986), "Mississipi em Chamas" (1988), "Big" (1988), "Uma Mulher de Sucesso" (1988), "Ligações Perigosas" (1988), "Anatomia do Golpe" (1990), "Sintonia do Amor" (1992), "A Lista de Schindler" (1993) e "Entrevista com o Vampiro" (1994).

Incontornável é a relação com Woody Allen: após ser assistente de casting em "Bananas" (1971), seguiram-se 43 filmes entre 1975 e 2016, tudo de "Nem Guerra, Nem Paz" (1975) até "Café Society" (2016), incluindo "Annie Hall" (1977), "Manhattan" (1979), "Ana e as Suas Irmãs" (1986), "Crimes e Escapadelas" (1989), "Meia-Noite em Paris" (2010) e "Blue Jasmine" (2013).