Estreado na competição do Festival de Veneza, em setembro de 1980, "Oxalá" foi a segunda longa-metragem de António-Pedro Vasconcelos e o primeiro filme produzido por Paulo Branco.
A distribuidora recorda que "Oxalá" teve os "maiores elogios da crítica internacional, nomeadamente do reputado Giovanni Grazzini, do Corriere della Sera": "'Oxalá' é de facto o melhor que nos chegou de Lisboa nos últimos anos e talvez o ponto de partida para um cinema português".
O filme teve estreia portuguesa em maio do ano seguinte, no cinema Nimas, onde regressa agora.
A Leopardo Filmes recorda a crítica do jornalista Vicente Jorge Silva, para o Expresso: "O único testemunho cinematográfico de ficção sobre o Portugal de depois do 25 de Abril e, particularmente, sobre as ilusões e apostas frustradas de toda uma geração".
Cita também a crítica de Augusto M. Seabra, no Diário de Notícias: "É, porventura, o primeiro filme depois do 25 de Abril a falar, sem os estereótipos conservadores do chamado cinema militante, de nós mesmos e das nossas realidades".
Com Manuel Baeta Neves, Marta Reynolds, Laura Soveral, Lia Gama, Ruy Furtado, Teresa Madruga, Adelaide João, entre outros atores, "Oxalá" tem argumento de António-Pedro Vasconcelos e fotografia de João Rocha e Emílio Pinto.
Rodado no final da década de 1970, poucos anos após "Perdido por Cem", a primeira longa-metragem do realizador, "Oxalá" surge depois da queda da ditadura, entre as expectativas abertas pelo 25 de Abril e o tédio de um exilado, que não perde essa sua condição, esteja em que lado estiver da fronteira.
"Perdido por Cem", de 1973, tem Paris por ponto de partida, para desaguar numas férias portuguesas sob os últimos anos do Estado Novo. O desencanto e o sufoco de uma ditadura em guerra e desagregação são constantes, num jogo de referências cinéfilas do realizador.
Sobre essa primeira longa-metragem, escreve o crítico e investigador Jorge Leitão Ramos, no "Dicionário do Cinema Português": "Narrado na primeira pessoa, confessional e nervoso, inquieto, dolente, triste até ao desespero sufocante (...) ['Perdido por cem'] agarra o espetador através dessa funda verdade que lhe nasce dos poros".
Quanto a "Oxalá", Leitão Ramos, no mesmo dicionário, sublinha o desconforto: "Um filme que se sente mal na sua pele portuguesa do final dos anos 70, que vive fixado, adolescentemente, na França da Nouvelle Vague".
Embora considere esta longa-metragem "uma das grandes desilusões do início dos anos 80", Jorge Leitão Ramos admite: "Alguns méritos terá visto o público, porém, para fazer dele um grande sucesso de 1981".
A projeção de dia 16, às 21h00, será seguida de uma conversa com António-Pedro Vasconcelos e Paulo Branco.
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