O Festival de Cannes prometeu que a Ucrânia estaria "presente em todos os corações" na sua 75.ª edição, que termina neste sábado.

Quatro filmes relacionados com este país foram apresentados em diferentes sessões e ativistas usaram a passadeira vermelha para denunciar a guerra.

"Pamfir"

Apresentado na Quinzena dos Realizadores, o primeiro filme de Dmytro Sukholytkyy-Sobchuk é um retrato sem concessões da região de Chernivtsi, na fronteira entre Ucrânia e Roménia, uma região pobre e corrompida, mas de tradições milenares.

O filme conta a história de Pamfir, que ganha honestamente a vida no setor de construção na Roménia, o que o obriga a deixar a sua família sozinha durante meses. O seu filho sofre com sua ausência e comete um ato de vandalismo que Pamfir deve reparar.

O objetivo é abordar a questão da emigração e o "abismo que separa a Ucrânia da União Europeia". Sukholytkyy-Sobchuk garante que só deixou a Ucrânia "durante poucos dias para finalizar a pós-produção", e que deseja voltar rapidamente para "documentar" o que está a viver.

"Butterfly Vision"

Com tom documental, "Butterfly Vision" é o primeiro filme de Maskym Nakonechni numa competição oficial e conta a história de mulheres militares ucranianas capturadas pelos russos.

As gravações foram na região do Donbass, cenário de uma insurreição armada de separatistas pró-russos desde 2014, início do atual conflito.

O realizador percebeu que o que maior medo das mulheres no campo de batalha era de serem violadas, mais do que serem mortas.

"The Natural History of Destruction"

Já conhecido em Cannes, o realizador ucraniano Sergey Loznitsa, autor de "A Praça" ("Maïdan" no original) e "Donbass", apresentou na seleção oficial "The Natural History of Destruction", um documentário sobre os bombardeamentos dos aliados na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Inspirado no livro do escritor W.G.Sebald, o filme exibe impressionantes imagens de arquivo das explosões que aniquilaram a capacidade militar alemã, destruindo cidades inteiras.

Em março, Sergey Loznitsa foi afastado da Academia de Cinema da Ucrânia por rejeitar um boicote a todos os artistas russos.

"Mariupolis 2"

O realizador lituano Mantas Kvedaravicius pagou com a sua vida para filmar "Mariupolis 2".

Com quase duas horas de duração, o documentário foi finalizado pela sua equipa, após a morte de Kvedaravicius em 30 de março, executado pelas tropas russas, segundo uma nota à imprensa da produtora The Match Factory.

Kvedaravicius estava em Mariupol, cidade portuária no mar de Azov, quando o conflito no Donbass começou.

O cineasta regressou em fevereiro de 2022 "para se reunir com as pessoas que conheceu e filmou entre 2014 e 2015", explica a nota.

Sem narração ou banda sonora sonora, o documentário exibe longas sequências filmadas principalmente dentro e fora de uma igreja ocupada por um grupo de refugiados, habitantes de Mariupol, que resistem em abandonar a cidade.

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