Guillermo Del Toro, que se colocou na corrida aos Óscares após receber em setembro o Leão de Ouro do Festival de Veneza por "The Shape of Water", partilhou memórias sobre uma "infância marada" no seio de uma família profundamente católica em Guadalajara e várias observações sobre o seu apaixonante mundo de cinema de fantasia, mas também do lado do negócio.

Aconteceu tudo durante uma reveladora 'masterclass' que o realizador mexicano de "Cronos", "Nas Costas do Diabo" e "O Labirinto do Fauno" deu em Lyon (França), onde se realiza o Festival Lumière, organizado por Thierry Fremaux, o diretor-geral do Festival de Cannes.

Perante um público entusiasta, onde estava o compatriota e amigo Alfonso Cuaron, admitiu que teve uma educação religiosa que era "uma mistura de virtude e violência que era marada para dar a uma criança", com uma avó que colocava capas nos seus sapatos para o fazer pagar pelos seus futuros pecados.

A influência da iconografia religiosa na sua carreira também tem origem numa estátua sangrenta de Cristo martirizado na igreja que frequentava que lhe provou uma profunda impressão, mas acrescentou que, influenciado pela literatura de terror e ficção científica, "Frankenstein era um mártir mais bonito do que Jesus".

Para "The Shape of Water", o realizador confessou que investiu o seu próprio salário para criar a criatura exatamente como queria, o que demorou três anos.

Isto abriu a porta para discutir a parte menos artística e mais empresarial do mundo cinema e o homem que dirigiu um 'blockbuster' em Hollywood chamado "Batalha do Pacífico" (2013) não teve grandes rodeios: "As pessoas com o dinheiro são cretinas. Olham para trás e querem ficar na zona de conforto, enquanto que os cineastas querem ir em frente".

Del Toro ainda acrescentou: "E por vezes nós como os cineastas lixamos-os porque também somos cretinos, mas somos cretinos malucos".

Para conseguir fazer o que quer nos seus filmes, esclareceu, não se podem fazer concessões, admitindo que já perdeu a paciência algumas vezes durante a rodagem: "É preciso ser bastante brutal. Os filmes de Frank Capra podem fazer-nos chorar, mas ele era um filho da mãe duro".

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