"O Nosso Amor de Ontem" está a festejar 50 anos, mas não é por essa razão que regressou esta semana às notícias nos EUA, mas por um novo livro que revela os segredos dos bastidores da rodagem do filme romântico com Robert Redford e Barbra Streisand, incluindo até que ponto foi a preocupação do ator com as cenas de amor.
Pelas citações reproduzidas em exclusivo pelo tabloide britânico The Daily Mail, o conteúdo no livro faz justiça ao seu título: "The Way They Were: How Epic Battles and Bruised Egos Brought a Classic Hollywood Love Story to the Screen" ['O Nosso Amor de Ontem: como batalhas épicas e egos feridos levaram uma clássica história de amor de Hollywood ao ecrã', em tradução livre].
Segundo o autor e jornalista Robert Hofler, Robert Redford levou oito meses a aceitar o projeto do seu amigo realizador Sydney Pollack porque não gostava do argumento e achava que a sua personagem, Hubbell Gardiner, era 'camp' e um boneco Ken.
Outro contencioso era a relutância de trabalhar com a própria Barbra Streisand: apesar de já ter ganhado um Óscar, o ator não confiava nela porque "não tinha sido testada" como atriz dramática e era mais conhecida pelos musicais e comédias ligeiras.
"A sua reputação é de ser uma pessoa muito controladora. Ela vai dirigir-se a si mesma. Nunca vai funcionar", terá dito.
A possibilidade de haver mais uma canção da atriz e cantora também incomodou: "Ela não vai cantar, pois não? Não quero que ela cante a meio do filme".
Já Streisand, segundo o livro a citar Pollack na época, então com 30 anos, estava "hipnotizada" pela beleza física de Redford, de 36, e queria desesperadamente ter um caso com ele.
Após o sim ao projeto (por 1,2 milhões de dólares, contra um milhão da colega para "acalmar o seu ego"), Redford ainda recusou um encontro antes do ensaios porque acreditava "muito fortemente na estranheza [entre atores] que contribui para a química num filme".
Um ator que entrou no filme citado no livro diz que Streisand "teve casos com muitos dos seus atores principais" e quando um jantar finalmente juntou os dois, Redford quis estabelecer os limites: "Se vamos poder trabalhar juntos, tens de ter a noção que tudo o que eu disser sobre mim será voluntário porque quero que saibas. Não porque tu aches que tens algum direito de saber".
Segundo o livro, a atriz adorava homens fortes e o aviso ainda a atraiu mais para ele, esperando impacientemente pela primeira cena de amor entre as personagens Hubbell e Katie Morosky.
Casado e feliz com a historiadora e ativista Lola Van Wagenen (divorciaram-se em 1985), e já pai de quatro filhos, Redford tomou precauções.
"Para se proteger a si mesmo por mais do que uma razão, usou duas peças de roupa íntima iguais às dos atletas [conhecidas por suporte atlético] para a sua cena de amor com Streisand, que escolheu um biquíni", diz o jornalista.
Segundo Pollack, a cena em si mesmo era simples e nada explícita porque os produtores queriam uma classificação etária para todos os públicos, mas eram precisas muitas tomadas... até que Redford perdeu a paciência e o realizador teve que informar a atriz que já tinham conseguido o que queriam.
Outro momento contencioso foi na segunda cena de amor, em que o ator se recusou terminantemente a dizer "Será melhor desta vez", uma frase retirada diretamente do livro original, porque achava que o público ia achar que ele tinha fracassado na cama na vida real.
O autor e jornalista Robert Hofler descreve a situação que se colocou na altura nestes termos: "Redford nunca foi mau na cama. Portanto, como é que Hubbell poderia ser?".
Mesmo após o fim da rodagem e na fase de pós-produção, o produtor insistia que a frase devia ser incluída. Nunca aconteceu.
O filme foi um gigantesco sucesso de bilheteira e Streisand teve uma canção, "The Way We Were" (o título original do filme), que foi o primeiro e maior 'single' da sua carreira e ganhou o Óscar.
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