Há pouco realizadores atuais com um imaginário tão específico, reconhecível e bem definido como Tim Burton, que circula entre o fantástico, o gótico, o terror e a imagem animada.

Nesse percurso de sucesso mundial, a Disney foi, desde o início, uma presença incontornável. Burton nasceu em Burbank, a área do Sul da Califórnia onde se situam os estúdios Disney e Warner Bros, e estudou animação na California Institute of the Arts (vulgo CalArts), uma universidade inaugurada em 1961 que teve em Walt Disney um dos seus principais patronos.

Uma das curtas-metragens que realizou na faculdade valeu-lhe a entrada na Disney em 1979 como aprendiz, juntamente com outros colegas da CalArts que nas décadas seguintes revolucionariam a animação norte-americana e lançariam a nova idade de ouro da Disney, como Glen Keane, John Lasseter, Brad Bird, John Musker, Kirk Wise ou Rob Minkoff.

Apesar de Burton não se ter adaptado às rotinas do desenho animado tradicional, nomeadamente no trabalho que fez em “Papuça e Dentuça”, o estúdio resolveu colocá-lo primeiro como “concept artist”, a fazer desenhos que inspirassem o ambiente geral dos filmes, dando-lhe a seguir luz verde para realizar as suas primeiras obras.

'Vincent' (1982)

O filme de estreia tornou-se logo um dos mais autobiográficos da sua carreira: “Vincent” (1982), uma curta-metragem de seis minutos em animação "stop-motion", sobre um garoto obcecado por Edgar Allan Poe que finge ser Vincent Price, abrilhantado pela voz do próprio ator. A fita, que nada tinha a ver com a produção Disney habitual, é quase uma súmula da carreira futura de Burton e é uma das curtas de animação mais elogiadas dessa época.

Até 1984, o realizador assinou mais duas curtas-metragens de imagem real de meia hora na Disney, a primeira foi uma versão da história de “Hansel e Gretel” com sabor asiático e a segunda, e mais popular, uma variação do mito de Frankenstein chamada “Frankenweenie”, em que um garoto reconstrói e devolve à vida o cão que foi atropelado.

Depois de sair do estúdio, Burton ganhou fama como realizador de longas-metragens, assinando uma série de êxitos de enfiada: “A Grande Aventura de Pee-wee Herman”, “Beetlejuice – Os Fantasmas Divertem-se”, “Batman”, “Batman Regressa” e “Eduardo Mãos de Tesoura”.

'O Estranho Mundo de Jack' (1993)

Com a popularidade na estratosfera, o realizador regressou à Disney para produzir uma longa-metragem de animação em "stop-motion" a partir de um poema que lá escrevera uma década antes. O resultado, “O Estranho Mundo de Jack”, estreou em 1993 e tornou-se um dos seus títulos mais emblemáticos, um verdadeiro fenómeno de culto que em Portugal estreou acompanhado da sua primeira curta, “Vincent”.

Com menos visibilidade, produziu logo a seguir para a Disney outra longa de animação "stop-motion", “James e o Pêssego Gigante” (1996), a partir do livro de Roal Dahl. As duas películas foram lançadas com a “label” Touchstone, que o estúdio usava para obras de apelo mais arrojado e não necessariamente familiar, tal como uma das melhores e mais elogiadas produções da carreira do realizador, estreado logo em 1994: “Ed Wood”, a biografia do chamado “pior realizador do mundo”, uma fita apaixonante de amor ao cinema que conquistou dois Óscares.

'Alice no País das Maravilhas' (2010)

Após novo percurso de sucesso por outros estúdios, com trabalhos como “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”, “Charlie e a Fábrica da Chocolate” e “Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street”, Tim Burton regressou à Disney em 2010 para assinar um dos maiores sucessos da sua carreira, “Alice no País das Maravilhas”.

A longa-metragem assumiu-se como sequela em imagem real do clássico de Lewis Carroll, que a Disney tinha imortalizado em desenho animado em 1951, e que lançou a nova fase do estúdio de renovação em imagem real de clássicos animados do seu catálogo.

'Frankenweenie' (2012)

Em 2012, após ter sido um dos primeiros realizadores associados a “Maléfica” mas que acabaria por abandonar, Burton assinou outra película em "stop-motion" para a Disney, agora não só como produtor mas também como realizador, “Frankenweenie”, versão animada e em longa-metragem da curta homónima de 1984, que é também um dos seus trabalhos mais pessoais.

'Dumbo' (2019)

Finalmente, chegados a 2019, Burton recria em imagem real um dos maiores clássicos de desenho animado da Disney, “Dumbo”, com alguns dos seus colaboradores regulares (Michael Keaton, Danny DeVito e Eva Green como atores, Danny Elfman como compositor).

As primeiras imagens não deixam margem para dúvidas: trata-se de um novo clássico em potência, de um realizador habituado a transformar os seus sonhos em matéria de cinema.

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Dumbo chega aos cinemas portugueses a 28 de março.

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