«Os salários devem começar a ser pagos hoje ou a partir de amanhã [quarta-feira], já que a verba necessária para saldar aqueles pagamentos foi desbloqueada há minutos pelo Minsitério das Finanças e disponibilizada na conta da empresa», acrescentou Tiago Silva.

Os trabalhadores da Tobis recebiam os salários a dia 25 de cada mês mas nos últimos tempos, e devido às dificuldades financeiras com que a empresa cinematográfica se tem confrontado, a administração pediu-lhes tolerância, solicitando-lhes que pudessem receber até ao último dia do mês, «o que os trabalhadores acataram», disse o delegado sindical.

A 9 de julho, os 53 trabalhadores da Tobis ainda não tinham recebido o salário de julho nem o subsídio de férias.

Contactado pela agência Lusa na altura, fonte da secretaria de Estado da Cultura (SEC) garantiu estar a envidar esforços para resolver a situação no «prazo máximo de uma semana».

Alegou ter pedido, junto do Ministério das Finanças, a cativação de uma verba especial do orçamento para que o ICA - Instituto do Cinema e do Audiovisual pudesse suprir o pagamento dos salários.

Na altura, a secretaria de Estado com a tutela disse contar que a situação ficasse regularizada dentro de «uma semana», que se cumpre na quarta-feira.

No dia 10, o Bloco de Esquerda (BE) apresentou um documento ao Parlamento no qual pede ao secretário de Estado da Cultura que diga «quais os planos do Governo relativamente ao processo de privatização da Tobis Portuguesa SA», e que o Governo informe da identidade de empresas interessadas em comprar a produtora, caso as haja, e em que condições se fará o negócio.

No mesmo documento, o BE questionou também o Governo no sentido de saber qual a situação dos trabalhadores da Tobis, se estão previstos despedimentos na empresa e se o Governo confirma a existência de atrasos no pagamento dos salários.

Entretanto, segundo o delegado sindical, a SEC continua sem responder ao pedido de reunião efetuado há cerca de três semanas, assim como a direção do ICA.

Com 96,4 por cento de capital do Estado, a Tobis é a mais antiga produtora de cinema em Portugal.

Em julho de 2010, o presidente do ICA anunciou no Parlamento que o Governo pretendia alienar o capital público da empresa e, em fevereiro deste ano, o antigo Ministério da Cultura abriu um concurso público destinado a esse fim.

Até ao momento, só uma empresa – a Filmeform, de António Cunha Telles -, se propôs comprar a Tobis, mas sem sucesso.

Fundada há quase 80 anos, a Tobis conta atualmente com 53 trabalhadores depois de mais de uma dezena ter abandonado a empresa em 2009 e 2010, devido às dificuldades de emprego. Alguns dos trabalhadores têm mais de 20 anos de casa.

Em 2010, e seguindo dados oficiais, a dívida acumulada da produtora rondavam os 5,6 milhões de euros.

@Lusa