Jason Bourne
Jason Bourne prova que ainda está aí para as curvas. O tão aguardado regresso do novo herói do século XXI mata saudades mas não apaga a memória dos momentos mais altos desta saga baseada nos personagens criados por Robert Ludlum. O herói da história continua à deriva, à procura da sua identidade e de uma razão para viver. Matt Damon oferece-nos uma performance inspirada.
A história tem o formato de um thriller internacional que atravessa meio mundo. No prólogo, observamos os principais players, constituídos por um diretor manhoso da CIA (o sempre fiável Tommy Lee Jones), uma ambiciosa chefe de divisão de cyber segurança da CIA (a estrela mais reluzente do filme, Alicia Vikander) e os renegados, a ex-CIA e hacker Nicky Parsons (Julia Stiles) e o imprevisível Jason Bourne. A ação arranca muitíssimo bem, em Atenas, com um motim como pano de fundo. Este é talvez o momento mais alto do filme, onde se misturam coreografias de luta, uma perseguição frenética, um vilão implacável (Vincent Cassel) e o mote desta história: conspirações globais e governamentais e o fantasma do passado de Bourne. Em jogo está mais uma sub-trama com forte ligação à realidade, muito bem interpretada pelo jovem talento Riz Ahmed (o ator deste verão com «The Night Of»), um magnata das redes sociais, dividido entre a privacidade dos utilizadores e o trabalho sujo para o governo.
Mas o melhor do filme, em termos interpretativos, é mesmo a “mulher maravilha”, a sueca Alicia Vikander que rouba o show. Bourne continua misterioso, inexpressivo, mas ultra-eficaz. É o seu personagem, e não há nada a fazer. A amnésia tem destas coisas. Mas quando ele salta para outro patamar, quando decide partir a louça toda, por assim dizer, é o gáudio dos espetadores.
Paul Grengrass parece-nos enferrujado neste regresso da hiperatividade. A trepidação da câmara e os milhares de cortes na montagem resultam numa experiência algo frustrante – por vezes não percebemos a ação que é sacrificada em prol das figuras de estilo.
«Jason Bourne» cativa as audiências com mais do mesmo aliado a temas do panorama atual, utilizou a fórmula original procurando ser um filme seco e sem rodriguinhos mas com significado para os intervenientes e o grande público.
Jorge Pinto
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