A HISTÓRIA: Em "Velocidade Furiosa 5", de 2011, Dom e a sua equipa neutralizaram o perigoso e poderoso traficante de droga brasileiro, Hernan Reyes, e delapidaram o seu império numa ponte do Rio De Janeiro. O que eles não sabiam é que o filho de Reyes, Dante assistiu a tudo e passou os últimos 12 anos a conceber um plano que fará Dom pagar o maior dos preços.

"Velocidade Furiosa X": nos cinemas a partir de 18 de maio.


Crítica: Francisco Quintas

Não é surpresa para ninguém: alcançar o sucesso nas bilheteiras é o principal requisito para uma saga de entretenimento permanecer no ativo, por muitos que sejam os produtos resultantes e os anos de duração do fenómeno.

Em Hollywood, uma marca que não há muito tempo celebrou vinte anos foi “Velocidade Furiosa”, um leque de histórias que começou por acompanhar distintas personagens no submundo das corridas ilegais, habitado por assaltantes, traficantes e polícias, antes de lentamente migrar de género.

Se no primeiro filme – de 2001, que pode até ser considerado um clássico – a proposta foi uma colisão entre um agente infiltrado e um ás do "tuning", interpretados por Paul Walker e Vin Diesel –, o que nos tem ultimamente sido servido é uma sucessão de aventuras megalómanas com uma moral repetitiva (os diálogos sobre família parecem um disco riscado), desprovidas de grande lógica narrativa e sem consideração pela maçada que são as regras da física.

Tudo isto para dizer que o décimo filme oferece aquilo que promete, jamais se distanciando, contudo, de momentos involuntariamente cómicos, diálogos melodramáticos e óbvios, reviravoltas dramáticas desnecessárias e atores talentosos votados ao desperdício. Neste caso, as atrizes Brie Larson, Helen Mirren e Rita Moreno, todas vencedoras de Óscares.

Encabeçado por um Vin Diesel em piloto automático, o elenco recorrente mantém-se operante. Era tal a vontade do realizador francês Louis Leterrier de encher este “épico” de personagens do passado que acabou por não destacar muita gente, à exceção de Jason Momoa, que se diverte à tromba estendida na pele dum vilão louco e excêntrico, que tem uma motivação clara e garante energia nos blocos que intervalam corridas e destroços.

“Velocidade Furiosa X” é, ao que parece, uma sugestão do término de uma das sagas mais lucrativas do cinema. Portanto, se por um lado, as personagens, o carisma do elenco, os veículos, o humor e as sequências de ação têm preservado até agora um frescor que justifique uma ida descontraída à sala de cinema, muito tem sido à custa de uma carta branca jogada pela maioria dos guionistas e realizadores. O estúdio e o público sabem que filme pretendem, respetivamente, vender e consumir, o que leva ambos a relativizar (e incentivar) as incoerências, conveniências, facilitações e absurdos presentes nas histórias.

O espectador português, escusado será dizer, sentir-se-á tão alegre quanto desapontado, uma vez que Daniela Melchior eleva o material com o enorme charme (não menos vulnerável) com que se deu a conhecer, mas por pouco tempo. As habilidades da personagem, ao volante e não só, podem estar reservadas para mais tarde.

Para compensar, será rara a plateia que não ostente rostos risonhos e interjeições de entusiasmo perante a projeção maiúscula de “Portugal” na grande tela, seguida de um ato final explosivo na A24, em Viseu.

Com, por enquanto, um décimo primeiro filme anunciado (dividido em duas partes), torna-se curioso imaginar que futuro aguarda os velozes e os furiosos, chegue o dia em que as suas peças fundamentais sejam substituídas ou descartadas de vez. Venham quaisquer acrobacias, encontrões, quedas ou explosões, já não estamos a falar de rufias e condutores de rua, mas sim de seres humanos superiores que sobrevivem a qualquer perigo se assim o dinheiro ditar. Enquanto houver estrada para andar...

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